O "Dia António Lobo Antunes", uma iniciativa do CCB em parceria com o Centro Nacional de Cultura (CNC), tem início às 15:00 de domingo, no pequeno auditório do CCB, e divide-se em duas partes: "a obra" e "o escritor visto pelos seus leitores".
O "Dia António Lobo Antunes" surge "no âmbito da programação de Humanidades [do CCB], que tem vindo a homenagear alguns dos nomes mais importantes da cultura portuguesa", disse à Lusa o presidente do CCB, o escritor Vasco Graça Moura.
"Não tendo sido possível, no ano passado, assinalar em tempo próprio os 70 anos de António Lobo Antunes, um dos mais relevantes escritores de língua portuguesa, o CCB vem agora fazê-lo, reunindo os maiores especialistas da sua obra com alguns dos seus leitores conhecidos", acrescentou.
Graça Moura disse que se pretende "um encontro entre o autor, aqueles que o ensinam e explicam, e o seu público alargado".
Na primeira parte da jornada falam os especialistas, nomeadamente Maria Alzira Seixo, que tem colaborado de perto com o escritor, e que apresentará a comunicação "Morar no Lume. Imagística do Fogo na temática e construção do romance em António Lobo Antunes".
Os restantes participantes são os professores Agripina Carriço Vieira, Norberto do Vale Cardoso e Ana Paula Arnaut.
Na parte seguinte, que diz respeito aos leitores, participam a atriz Maria Rueff, que vai apresentar o texto "Amo-te tanto que não te sei amar", o tradutor Harrie Lemmens, que vai abordar "O Rumor dos Passos", e frei Bento Domingues, que vai falar sobre "Deus e os Direitos de Autor", antes da chegada do escritor prevista para as 17:45.
Em comunicado, o presidente do CNC, Guilherme d'Oliveira Martins, um dos parceiros da iniciativa, diz que "António Lobo Antunes se afirma como um ávido revelador do que a vida sistematicamente esconde".
"Além do superficial dos acontecimentos, o romancista recorda, invoca, interpreta, aventura-se no próximo, no incerto e no desconhecido", afirma ainda Oliveira Martins sobre Lobo Antunes, sobre o qual atesta que "a sua escrita atrai, porque é inusitada e pertinente, luminosa e obscura".
Oliveira Martins considera "fundamental ler António Lobo Antunes, para quem é insuportável aceitar a mediocridade e ouvir dizer 'somos um país pequeno e periférico'".
Lobo Antunes, de 71 anos, tem editados mais de trinta títulos, entre romances, poesia e crónicas. O "Quinto livro de Crónicas" foi publicado este mês, com a chancela das Publicações D. Quixote.
Neste quinto volume reúnem-se 86 das crónicas que o autor regularmente publica na revista Visão. "Ao longo destes textos, António Lobo Antunes evoca lugares, personagens, relatos do quotidiano e memórias de infância", afirma em comunicado a editora.
António Lobo Antunes estreou-se literariamente com "Memória de Elefante", em 1979, e logo nesse ano publicou "Os cús de judas".
Ao logo da carreira literária, Lobo Antunes, que se licenciou em Medicina e optou pela especialidade de Psiquiatria, recebeu vários prémios, entre os quais o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 1985, pelo romance "Auto dos Danados".
O romance "Manual dos Inquisidores", publicado em 1996, foi considerado o Melhor Livro Estrangeiro publicado em França, tendo sido distinguido ainda com o Prémio Tradução Portugal/Frankfurt, em 1997.
Entre os seus romances contam-se "As naus" (1988), "A morte de Carlos Gardel" (1994), "Exortação aos Crocodilos" (1999), "Não entres tão depressa nessa noite escura" (2000), "Boa tarde às coisas aqui em baixo" (2003), "O meu nome é Legião" (2007), "Comissão das lágrimas" (2011) e "Não é meia noite quem quer" (2012).
Entre os vários prémios que recebeu, contam-se o Ovídio, da União dos Escritores Romenos, e o Prémio União Latina, em 2003, o Fernando Namora, em 2004, Jerusalém, em 2005, o Prémio Camões, em 2007, e o Juan Rulfo, em 2008.