A coleção, composta por 85 obras do surrealista Joan Miró, foi comprada em 2006 pelo BPN de José Oliveira Costa por 34 milhões de euros. Em 2008, quando o Governo nacionalizou o BPN, herdou a coleção que, desde então, tem estado guardada nos cofres da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.
O Estado decidiu agora vender os quadros, num leilão que acontecerá a 4 e 5 de fevereiro, em Londres, com o objetivo de abater mais uma parte da dívida deixada pelo BPN.
A decisão, anunciada em julho de 2012 pela então secretária do Estado e do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, não agrada a várias pessoas ligadas à área, que consideram que o Estado está a perder a oportunidade de poder utilizar estas obras, de elevado valor, em qualquer Museu de Portugal.
Estes criticam, ainda, a celeridade do processo e o facto de as obras nunca terem sido expostas na Culturgest, espaço de exposições da sede da CGD, “quando os contribuintes foram chamados a pagar a sua manutenção, a sua guarda e os seus custos de seguro”, recorda o galerista Carlos Cabral.
O PS e o PCP juntaram-se à causa e, reconhecendo o valor da coleção, vão pedir o cancelamento do leilão, para que se estude uma forma de rentabilizar a coleção em Portugal.
Contactado pelo Público, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, explicou que a aquisição da coleção “não é considerada uma prioridade no atual contexto de organização das coleções do Estado”.
Já o responsável pela galeria de arte Christie’s, que levará a cabo o leilão, garante que esta é a forma mais transparente de se proceder à venda de obras deste género, uma vez que o valor de oferta reflete o preço real do mercado.