Wagner e Lobo Antunes inspiram Côrte-Real para os Dias da Música

A Orquestra Sinfónica Portuguesa estreia no sábado, nos Dias da Música no Centro Cultural de Belém (CCB), uma obra escrita pelo compositor Nuno Côrte-Real, inspirada nas obras do compositor alemão Wagner e do escritor António Lobo Antunes.

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Lusa
02/05/2014 11:13 ‧ 02/05/2014 por Lusa

Cultura

CCB

"Que Cavalos São Aqueles que Fazem Sombra no Mar?", o mesmo título de um romance de António Lobo Antunes, é a composição escrita por Nuno Côrte- Real que vai ser interpretada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção artística de Rui Pinheiro.

Seguindo a tradição europeia do poema sinfónico, trata-se de um instrumental para orquestra, a maior de sempre para quem Côrte-Real diz ter escrito, com cerca de 90 elementos.

"É uma espécie de poema sinfónico para levar quem está a ouvir a pensar num acontecimento que é narrado. A música tem esse poder narrativo" adianta Nuno Côrte-Real, à agência Lusa, acrescentando que quis incutir na sua composição a emoção dos romances de António Lobo Antunes.

A obra foi encomendada pelo Centro Cultural de Belém para integrar o programa do bicentenário do nascimento de Wagner, em 2013, mas acabou por não ser estreada nessa altura.

"A ideia inicial foi pegar numa música original de Wagner e incorporar essa música dentro da minha própria música. O trecho escolhido foi a Cavalgada das Valquírias. Quando comecei a trabalhar a peça, uma das coisas que me veio imediatamente à cabeça foi a obra de Lobo Antunes Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar. É uma dupla homenagem", explica o compositor de Torres Vedras, que não esconde o gosto literário pelos romances de António Lobo Antunes.

O compositor refere que quis juntar as heroínas de Wagner, as valquírias que eram guerreiras armadas e montadas em cavalos, às de Lobo Antunes, mulheres do quotidiano.

Ainda no sábado, o grupo Ensemble Darcos, dirigido pelo compositor, vai dar um concerto no CCB, apresentando ao público, pela quarta vez, canções dos americanos George Gershwin Cole Porter, adaptadas por Côrte-Real e cantadas pela soprano Sónia Alcobaça e pelo barítono Rui Baeta.

Aos musicais dos conhecidos teatros da Broadway, o compositor juntou arranjos para a música clássica para fazer uma homenagem à música americana.

"A essência do erudito está nos originais", preconiza Côrte-Real, que apenas deu "outra roupagem clássica" às músicas, para serem tocadas, não por instrumentos de música ligeira, mas por clarinete, violino, viola, violoncelo e piano.

Nuno Côrte-Real consolidou a sua carreira no estrangeiro, dando concertos em Amsterdão, Londres e Nova Iorque, e destacou-se na ópera, em particular.

Em 2007, estreou "A Montanha" e "O Rapaz de Bronze", sobre o texto de Sophia de Mello de Breyner Andresen, encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian e da Casa da Música, e, em 2001, compôs para o Teatro Nacional de São Carlos, "Banksters", com libreto de Vasco Graça Moura, ópera estreada com encenação de João Botelho.

Nuno Côrte-Real é regularmente interpretado pela Royal Scottish Academy Brass, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Remix Ensemble e a OrchestrUtópica, entre outras formações, além de solistas e maestros como Stefan Asbury, Kaasper de Roo, Cristoph Konig, Paul Crossley, John Wallace, David Alan Miller, Mats Lidstrom, Paulo Lourenço e Cesário Costa.

 

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