A peça, que vai estar em cena a partir de quinta-feira no Auditório Municipal de Gaia, tem texto de Gonçalo Amorim, João Miguel Mota, Inês Pereira e Rui Pina Coelho, e "brinca com esta ideia que muita gente tem que o teatro não dá trabalho, que não é preciso ensaiar", explicou à Lusa Gonçalo Amorim.
O encenador sublinhou que outra leitura do título da peça é "esta ideia, não tão risível, de que ultimamente (...) o teatro não dá trabalho a quase ninguém", tornando-se assim num texto que incide sobre "o que é ser ator em Portugal em 2014".
No entanto, Gonçalo Amorim realçou que o objetivo foi também o de "universalizar a questão da precariedade em Portugal e não só", ou seja, abordar "esta ideia de que não [se consegue] planear nada a longo prazo, de ser difícil constituir uma família, filhos, pensar na reforma, nesta precarização das profissões".
"Num teatro do Porto, um ator (João Miguel Mota) está em cena com 'O Pato Selvagem', de Henrik Ibsen, interpretando a personagem Gregers Werle, um desmedido idealista. Subitamente, a meio de uma cena, sente-se mal e tem, aparentemente, um ataque de ansiedade. Precário, a caminho dos quarenta, com uma dívida crescente à Segurança Social, enredado em trabalhos intermitentes, não resiste à pressão nem ao colapso da 'mentira vital' com que vai entretecendo a sua vida - e acaba no divã de um psicólogo", pode ler-se na sinopse da peça.
O encenador disse ainda que se trata de um "texto que se pretende muito bem-humorado", tendo para isso colocado o ator João Miguel Mota "num divã, numa espécie de espetáculo-consulta".
A obra vai estar no Auditório Municipal de Gaia até dia 11 de dezembro.