Em comunicado, as Publicações D. Quixote afirmam que "esta nova edição traz a lume cerca de vinte poemas desconhecidos e uma conferência inédita, além de reunir as cinco obras de poesia e prosa que Judith Teixeira publicou em vida".
O livro ‘Poesia e Prosa’ é apresentado por Fernando Cabral Martins, na próxima sexta-feira, às 12:15, no Auditório II da Fundação Calouste Gulbenkian, no decorrer do Congresso Internacional do centenário do Orpheu.
A obra de Judith Teixeira (1880-1959), agora editada, conta com estudos introdutórios de Cláudia Pazos Alonso, professora de Estudos Portugueses e Brasileiros na Universidade de Oxford, em Inglaterra, e de Fabio Mario da Silva, investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
"Com esta edição, propositadamente publicada no ano em que se comemora o primeiro centenário do Orpheu, pretende-se combater uma certa amnésia cultural marcada pelo género nas letras portuguesas, arquivar o longo 'processo disciplinar' desta pioneira, e desvendar materiais inéditos, no intuito de confirmar o lugar de comprovada importância simbólica ocupado por Judith Teixeira no palco modernista português", afirma na introdução Cláudia Pazos Alonso.
Natural de Viseu, Judith Teixeira publicou três livros de poesia e um de contos, entre outros escritos. Em 1925, editou e dirigiu a revista Europa, de que saíram três números.
Os exemplares do seu livro ‘Decadência’ (1923) foram apreendidos, juntamente com os títulos ‘Canções’, de António Botto, e ‘Sodoma divinizada’, de Raul Leal, e mandados queimar por ordem do então Governo Civil de Lisboa.
Em 1926, Marcello Caetano, que se tornaria presidente do conselho de ministros em 1968, escreveu na revista Ordem Nova que o livro ‘Decadência’ era da autoria "duma desavergonhada chamada Judith Teixeira".
Em comunicado, as Publicações D. Quixote referem que Fernando Pessoa escreveu, numa carta datada de 1924, que Judith Teixeira não tinha "lugar, abstrata e absolutamente falando", a editora realça todavia, que "o facto é que conservou até à morte um exemplar da revista Europa por ela dirigida".
"Será então correto afirmar que as mulheres não tiveram qualquer lugar de protagonismo no momento de rutura e transgressão que foi o modernismo português? E, se o tiveram, porque é que foram esquecidas? Chegou a altura de reler Judith Teixeira sem preconceitos", lê-se no mesmo comunicado.
O livro agora publicado "permite situar devidamente esta escritora no lugar que lhe pertence por direito próprio, ou seja, em plena vanguarda modernista", atesta a editora.