"É um espetáculo de divulgação. A ideia é mostrar-lhes que o fado, como expressão musical portuguesa por excelência, pode ser desconstruído e reconstruído com outras roupagens", afirmou o diplomata.
O guitarrista Marco Miranda, conhecido como M-PeX, criou novas músicas para o efeito, misturando o fado "com música eletrónica e outras formas contemporâneas", daí o nome do evento "Playing (with) fado" (brincando com o fado, em inglês) jogar com a palavra "play", que significa tocar e brincar, explicou.
"Queria mostrar que o fado é elástico, que pode ser flexível e que não é uma coisa rígida, só de gente triste a sacudir a cabeça", justificou.
O músico e engenheiro, que viajou a Jacarta a convite da embaixada, considera que a mistura de fado com outros sons pode tornar o estilo mais atrativo, mas reconhece que o "meio tradicional é muito rígido".
"Eu estive, durante muitos anos, a acompanhar o meu avô [Luís Pinheiro] em casas de fado. Ele tocava guitarra portuguesa e eu acompanhava-o à viola (...) Não era muito bem vista a fusão da guitarra portuguesa com outras sonoridades", contou.
Entretanto, com o apoio da produtora do Jakarta Jazz Festival, a Broadcast Design Indonesia (BDI), foi realizado um 'casting' para encontrar uma indonésia que conseguisse cantar fado.
"Selecionámos uma talentosa cantora indonésia que está a adaptar-se lindamente ao fado, cantando em português quase sem sotaque, e que vai estrear-se aqui na embaixada", contou Joaquim Moreira de Lemos, desvendando outra parte do certame.
O evento de divulgação do fado acontece a propósito da sua elevação a Património Oral e Imaterial da Humanidade, que aconteceu na ilha indonésia de Bali em 2011.
O embaixador pegou na exposição sobre o fado distribuída em 2012 pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural da Câmara de Lisboa, o Instituto Camões e o Museu do Fado e projetou, com a ajuda do arquiteto Daniel Prado, um cubo do fado, uma estrutura móvel com vídeos sobre o estilo musical português e Lisboa.
O conceito de "fado ao cubo em Jacarta" visa levar a estrutura a eventos e espaços comerciais para divulgação, até porque, justificou o diplomata, "o fado não é para ser visto, também tem de ser ouvido".
Na sala da embaixada preparada para o evento, que ganhou um ar de discoteca com as luzes preparadas para o espetáculo, há ainda um espaço com miniaturas de guitarras de fado e azulejos a lembrar Lisboa.
"Não quer dizer que a cultura dependa da economia, mas a promoção cultural feita nomeadamente nas embaixadas é sempre interesseira", justificou Joaquim Moreira de Lemos, que está motivado em mostrar produtos de qualidade aos indonésios, cujo "referencial sobre Portugal é Vasco da Gama e Cristiano Ronaldo".
Após este evento, M-PeX irá atuar num hotel de Bali, a 02 de maio, a convite da BDI.
O português conta apresentar algumas músicas do seu sexto registo de originais, "Odýsseia", que foi lançado digitalmente em dezembro e que reúne temas acústicos e canções mais eletrónicas para um ambiente de festa.