Portugueses e indonésios 'brincam' com o fado

Portugueses e indonésios vão "brincar" com o fado dando-lhe "outras roupagens", num evento promocional do estilo musical que ocorre hoje na embaixada portuguesa em Jacarta, disse o embaixador Joaquim Moreira de Lemos.

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Lusa
29/04/2015 09:40 ‧ 29/04/2015 por Lusa

Cultura

Música

"É um espetáculo de divulgação. A ideia é mostrar-lhes que o fado, como expressão musical portuguesa por excelência, pode ser desconstruído e reconstruído com outras roupagens", afirmou o diplomata.

O guitarrista Marco Miranda, conhecido como M-PeX, criou novas músicas para o efeito, misturando o fado "com música eletrónica e outras formas contemporâneas", daí o nome do evento "Playing (with) fado" (brincando com o fado, em inglês) jogar com a palavra "play", que significa tocar e brincar, explicou.

"Queria mostrar que o fado é elástico, que pode ser flexível e que não é uma coisa rígida, só de gente triste a sacudir a cabeça", justificou.

O músico e engenheiro, que viajou a Jacarta a convite da embaixada, considera que a mistura de fado com outros sons pode tornar o estilo mais atrativo, mas reconhece que o "meio tradicional é muito rígido".

"Eu estive, durante muitos anos, a acompanhar o meu avô [Luís Pinheiro] em casas de fado. Ele tocava guitarra portuguesa e eu acompanhava-o à viola (...) Não era muito bem vista a fusão da guitarra portuguesa com outras sonoridades", contou.

Entretanto, com o apoio da produtora do Jakarta Jazz Festival, a Broadcast Design Indonesia (BDI), foi realizado um 'casting' para encontrar uma indonésia que conseguisse cantar fado.

"Selecionámos uma talentosa cantora indonésia que está a adaptar-se lindamente ao fado, cantando em português quase sem sotaque, e que vai estrear-se aqui na embaixada", contou Joaquim Moreira de Lemos, desvendando outra parte do certame.

O evento de divulgação do fado acontece a propósito da sua elevação a Património Oral e Imaterial da Humanidade, que aconteceu na ilha indonésia de Bali em 2011.

O embaixador pegou na exposição sobre o fado distribuída em 2012 pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural da Câmara de Lisboa, o Instituto Camões e o Museu do Fado e projetou, com a ajuda do arquiteto Daniel Prado, um cubo do fado, uma estrutura móvel com vídeos sobre o estilo musical português e Lisboa.

O conceito de "fado ao cubo em Jacarta" visa levar a estrutura a eventos e espaços comerciais para divulgação, até porque, justificou o diplomata, "o fado não é para ser visto, também tem de ser ouvido".

Na sala da embaixada preparada para o evento, que ganhou um ar de discoteca com as luzes preparadas para o espetáculo, há ainda um espaço com miniaturas de guitarras de fado e azulejos a lembrar Lisboa.

"Não quer dizer que a cultura dependa da economia, mas a promoção cultural feita nomeadamente nas embaixadas é sempre interesseira", justificou Joaquim Moreira de Lemos, que está motivado em mostrar produtos de qualidade aos indonésios, cujo "referencial sobre Portugal é Vasco da Gama e Cristiano Ronaldo".

Após este evento, M-PeX irá atuar num hotel de Bali, a 02 de maio, a convite da BDI.

O português conta apresentar algumas músicas do seu sexto registo de originais, "Odýsseia", que foi lançado digitalmente em dezembro e que reúne temas acústicos e canções mais eletrónicas para um ambiente de festa.

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