Keywan Karimi, de 30 anos, arranjou problemas com os Guardas Revolucionários iranianos por causa de um documentário que filmou chamado ‘Writing on the City’ (‘Escrevendo na Cidade’) sobre 'graffiti' na capital, Teerão.
"É totalmente inaceitável que pelo simples ato de expressar o seu olhar artístico e crítico, Karimi esteja na lista de artistas a quem a liberdade -- se não mesmo a própria vida -- foi roubada", escreveram os organismos numa carta aberta à República Islâmica.
Karimi passou 15 dias em solitária em 2013 e foi acusado de fazer "propaganda contra o regime" e de "insultar os valores religiosos".
Mas desde então, várias outras "ridículas acusações" foram adicionadas, entre as quais beber álcool, ter relações fora do casamento e fazer pornografia, disse o vanguardista cineasta à agência de notícias francesa AFP na semana passada.
"Eu só estava a filmar o que estava a ser escrito nas paredes de Teerão", disse o jovem realizador, pertencente à minoria curda do país.
Karimi foi condenado a seis anos de prisão em 2015, mas, após um apelo internacional em que aclamados cineastas iranianos como Jafar Panahi e Mohsen Makhmalbaf se uniram para o defender, cinco anos da pena foram suspensos.
Contudo, a ameaça das 223 chicotadas não foi retirada, e as autoridades prisionais estão agora a exigir que a punição seja executada.
"Não sou um ativista político, não estou a ser mandado para a prisão porque me oponho ao regime, mas porque sou um cineasta", disse Karimi à AFP numa entrevista por telefone.
‘Escrevendo na Cidade’ tem sido, desde então, exibido em festivais de cinema em França, Espanha e Suíça e, entretanto, Karimi continuou a trabalhar noutro projeto de filme.
"Estou à espera que me venham buscar. O apoio que tenho recebido ajuda a combater a solidão, e a solidariedade do mundo do cinema também me aquece o coração", acrescentou.