Em declarações à agência Lusa, a guitarrista afirmou: "A minha ideia era utilizar a guitarra portuguesa em vários estilos musicais, sendo ela o fio condutor de todo o álbum, interpretando música portuguesa, world music, jazz, fado...", realçando a vontade de "fazer uma coisa diferente e não deixar a guitarra portuguesa agarrada ao fado".
"O objetivo era fugir ao estigma do fado e dar dimensão à guitarra portuguesa, que não deve estar só cingida ao fado, dadas as suas características, pois tem uma sonoridade e um timbre muito próprios", disse a música.
O álbum, editado Warner Music, conta com as participações, entre outros, dos portugueses Dulce Pontes, Camané, Rui Veloso, Pedro Jóia e Filipe Raposo, do camaronês Richard Bona e da iraniana Tara Tiba, atualmente a residir na Austrália, por estar proibida de cantar no seu país natal, como explicou Marta Pereira da Costa.
Dos treze temas que constituem o álbum, três são de autoria da guitarrista, entre os quais o de abertura, "Terra", e um outro é assinado em parceria com Pedro Pinhal, ‘Viagem’
Outros compositores do álbum são Carlos Paredes ("Canto do rio"), Ariel Ramirez (‘Alfonsina y el mar’), Mário Laginha ("Folia") e Pedro Jóia (‘Ícaro’).
A guitarrista afirmou à Lusa que se sente "mais confiante" a tocar guitarra, mas "está tudo no começo".
Referindo-se a alguns dos convidados, afirmou que Camané, que interpreta o Fado Laranjeira, de Alfredo Marceneiro, com a letra original de J. César Valente, é, para si, "a grande referência do fado" e o seu "fadista de eleição", e faz neste CD uma ligação clara da guitarra ao fado, daí a escolha de uma melodia tradicional.
"Dulce [Pontes] como Rui Veloso são as vozes portuguesas que mais adoro, desde sempre, de quem sou fã e que sigo desde pequena. Fazia pois todo o sentido tê-los neste meu disco", justificou.
Dulce Pontes interpreta "É ele que canta em mim", que escreveu e compôs, e Rui Veloso, ‘Casa encantada’, uma letra de Manuela Mendonça, com música sua.
"São dois temas incríveis. O da Dulce é inacreditável, uma letra e música do outro mundo, que pensámos orquestrar, mas ela sugeriu que fôssemos só nós duas, num clima de cumplicidade, enquanto o tema do Rui Veloso tem uma música engraçadíssima a que tentámos dar um balanço de fado", contou.
O convite a Pedro Jóia "foi no sentido de fazer o encontro entre as duas guitarras [portuguesa e guitarra clássica]".
Quanto ao baixista de jazz Richard Bona, de quem se afirmou "uma fã", Marta Pereira da Costa realizou um workshop com o músico e "aventurou-se" a convidá-lo, tendo gravado ‘Encontro’, uma música de Rogério Charraz.
"É um luxo ter um músico como Richard Bona no disco", disse a guitarrista, que acrescentou: "Às vezes é preciso ter lata, e aventurarmo-nos, que vale pena".
Com a cantora Tara Tiba gravou ‘Moon’, uma letra de Rumi e música da própria e de Diogo Clemente.
A guitarrista, de 33 anos, afirmou que tinha vontade ainda de "corrigir, regravando outras coisas", mas afirma-se "orgulhosa" do seu trabalho: "Isto sou eu agora, e vamos deixar que as pessoas oiçam e digam o que acham", rematou.