Pintura de Frei Carlos cedida pelo Metropolitan exibida em Lisboa

Uma pintura do século XVI da autoria de Frei Carlos vai ser exibida no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, a partir de 28 de junho, cedida pelo Metropolitan de Nova Iorque, anunciou o museu nacional.

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Lusa
14/06/2013 14:19 ‧ 14/06/2013 por Lusa

Cultura

Museu

Intitulado “São Vicente” (1520-1530), o quadro de Frei Carlos, pintor monge de origem flamenga que viveu em vários conventos em Portugal, faz parte da coleção do Metropolitan e já se encontra em Lisboa, revelou à agência Lusa José Alberto Seabra, diretor adjunto do MNAA.

Nunca exposto em Portugal, o painel, com cerca de 160 centímetros de altura por 53 de largura, representa São Vicente com vestes de diácono, segurando nas mãos alguns símbolos associados: um livro, uma folha de palma e uma barca.

José Alberto Seabra destacou a importância desta cedência da obra pelo museu norte-americano, pelo facto da pintura ser apresentada pela primeira vez no país, e porque ficará em depósito no MNAA.

“No âmbito de um acordo especial, a tela continuará em depósito no museu por dois anos, com possibilidade de renovação", indicou à Lusa.

O especialista sublinhou que o MNAA é o museu que possui mais obras deste artista - cerca de 30 - e esta pintura irá ficar exposta na próxima exposição permanente, em preparação.

A vinda do "São Vicente" insere-se numa política de parcerias entre o MNAA e museus de outros países, aos quais o museu nacional também está a emprestar obras do próprio acervo.

Nesta parceria com o Metropolitan, o MNAA vai emprestar por alguns meses um tríptico de grandes dimensões pintado por Pieter Coecke van Aelst (1502-1550), artista flamengo a quem o museu em Nova Iorque vai dedicar uma exposição em 2014.

"O tríptico está neste momento a ser alvo de um restauro em Lisboa", indicou o responsável, acrescentando que o intercâmbio com o Metropolitan recebeu o poio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

"São Vicente" irá ficar exposto no MNAA numa primeira fase, entre 28 de junho e 15 de setembro.

Sobre a história do quadro pintado em Portugal por Frei Carlos no século XVI, e de como terá ido parar ao acervo do Metropolitan, José Alberto Seabra disse que apenas se sabe que nos anos 1950 foi doado por uma cidadã norte-americana.

"Nos anos 1960, um conservador que estava a recatalogar o acervo do Metropolitan, reparou nesta pintura e mandou uma carta a um especialista português de pintura antiga [Luís Reis-Santos], que atribuiu a autoria a Frei Carlos sem qualquer dúvida", relatou à Lusa o diretor-adjunto do MNAA.

Há registos que o frade de origem flamenga entrou, em 1517, como freire da Ordem de São Jerónimo no Convento do Espinheiro, perto de Évora, notabilizando-se depois como pintor de retábulos e de outras obras de caráter devocional.

Nas primeiras décadas do século XVI, Frei Carlos viria a tornar-se numa das mais importantes figuras da pintura retabular peninsular.

A par de Francisco Henriques, e do pintor conhecido por mestre da Lourinhã, Frei Carlos é considerado um dos mais importantes pintores flamengos da pintura quinhentista em Portugal.

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