Na quarta-feira à noite, dois dias antes da primeira mão no Estádio da Luz, em Lisboa, alguns membros da União de Portugueses de Gotemburgo, a maior associação lusa na Suécia, juntaram-se para o seu habitual jogo de futebol e manifestaram à agência Lusa a sua confiança em Cristiano Ronaldo e companhia, embora com algumas reservas.
Tiago Franco, um engenheiro eletrónico de 36 anos, a trabalhar em Gotemburgo desde 2006, é perentório ao afirmar que "a Suécia não tem uma equipa que se compare à portuguesa", embora corra mais e tenha "jogadores mais fortes, mais altos e que nunca desistem".
"Este é uma espécie de jogo da vida deles", adverte o engenheiro, para quem a equipa sueca é "Zlatan (Ibrahimovic) e mais 10" e Portugal é "francamente melhor".
Para Tiago Franco, "o maior desafio de Portugal é a garra da equipa sueca e o Zlatan Ibrahimovic", o poderoso avançado do Paris Saint-Germain.
"Na minha opinião, o frio ainda não mata (na Suécia). Ainda está acima de zero graus, é praticamente verão", sublinha o engenheiro eletrónico, apesar de admitir que no encontro da segunda mão, em Solna, arredores de Estocolmo, o clima pode jogar a favor dos da casa.
O pior é a frieza e o calculismo dos futebolistas suecos, que deverão merecer a atenção dos portugueses.
"Um latino faz de tudo uma questão de vida ou de morte e sofre de igual modo antes, durante e depois. Os nórdicos são muito frios, tanto na vitória como na derrota. Vibram muito quando a seleção joga, mas no fim acabou-se. Não há aquela paixão, pelo menos da forma como nós a vivemos", salienta.
Tiago Franco aproveitou para referir que elementos do clube de Gotemburgo queriam comprar algumas centenas de bilhetes para a partida da segunda mão, mas foram remetidos para o sítio oficial da Federação Portuguesa de Futebol na internet, que só permite a compra de quatro de cada vez.
Por isso, foram canceladas as excursões previstas a Estocolmo, que fica a 500 quilómetros de distância, e os portugueses vão acabar por ver o jogo de na associação, no meio do convívio e dos petiscos.
António Roldão, engenheiro químico de 34 anos, há três a viver em Gotemburgo, está convicto de que Portugal vai ganhar a apurar-se para o Mundial de 2014, mas alerta que "vai ser complicado", até porque "o sangue frio pode ajudar a Suécia".
"Eu estou um bocado apreensivo com o jogo. Acho que vamos ter muitas dificuldades. A pressão está toda do lado de Portugal", frisa este engenheiro, lembrando que "eles também são fortes, são uma equipa difícil" que já ganhou à Alemanha.
António Roldão afirmou, por outro lado, que os suecos sentem menos a partida, porque "são um povo mais recatado, mais frio" e à volta do jogo "não há grande alarido, nem grande entusiasmo".
Com 38 anos, Leonardo Rosado, investigador na Universidade de Chalmers há pouco mais de um ano, aconselha também "um bocadinho de cautela".
"Eles aqui estão todos a dizer que Portugal é superfavorito, o que pode não ser muito bom, porque, quando entramos a ganhar o jogo, normalmente perdemos. Eles são muito mais organizados, mas isto do futebol tem muito do lado da garra e da paixão e nós temos muito mais disso, o que no fim é capaz de resolver".
O estudante Ricardo Silva, o mais jovem dos residentes portugueses em Gotemburgo, concorda com os seus compatriotas de que "vai ser muito difícil", porque os suecos "são muito fortes e grandes, defendem muito bem, têm um bom meio campo e além disso, têm o Zlatan, que pode resolver".
"Mas nós também temos o Cristiano Ronaldo", acrescenta de seguida. Aliás, para este emigrante, Ronaldo é não só superior a Ibrahimovic como "é de longe o melhor jogador do mundo desde há algum tempo".
Portugal recebe a Suécia na sexta-feira, no Estádio da Luz, em Lisboa, voltando a defrontar a seleção escandinava quatro dias mais tarde, em Solna. O vencedor da eliminatória apura-se para a fase final do Campeonato do Mundo de futebol de 2014, que se realiza no Brasil, entre 12 de junho a 13 de julho.