O currículo de David Weir, ou "Weirwolf" [brincadeira linguística com o som de lobisomem, em inglês], como é conhecido, tem dezenas e dezenas de páginas: membro da Ordem do Império Britânico, foi bicampeão em Pequim2008, campeão mundial, em 2011, nas distâncias de 800, 1.500 e 5.000 metros, e é o detentor do recorde de vitórias da Maratona de Londres, com seis títulos.
Por isso, o atleta paralímpico britânico não participa em qualquer prova, escolhe-as a dedo, tal como fez com a meia-maratona de Lisboa, uma competição em que tem por objetivo não só ser o vencedor no segmento de cadeira de rodas, mas também um dos mais rápidos entre os rápidos.
"É uma boa corrida, tem bom tempo, e está muito bem organizada. Treino sempre em Portugal, então é uma boa corrida de preparação para a Maratona de Londres", justificou à Agência Lusa, explicando que "obviamente" o clima é um fator importante.
Weir faz de Portugal uma segunda casa e o motivo para que tal aconteça não podia ser mais compreensível: "Simplesmente o poder sair e treinar todos os dias... tenho estado em Monte Gordo, no Algarve, e consigo acumular muitos quilómetros na estrada, porque o tempo está bom e quente".
Apesar de ter conquistado tudo a que se propôs, o campeão paralímpico está longe de estar satisfeito.
"Ainda há muito mais coisas para ganhar e ainda há muitos objetivos para cumprir. Provavelmente, já não tenho muito mais vida em mim para continuar por muito tempo, por isso preciso de ter pequenos alvos este ano e alguns deles são ganhar em Lisboa outra vez, porque é uma prova rápida, e a maratona de Londres. Seria fantástico. E também tenho os jogos da Commonwealth... tenho um ano atarefado pela frente", confessou.
Para "Weirwolf", que começou a participar em corridas de cadeiras de rodas para mostrar aos irmãos, "grandes pugilistas", e aos amigos, "todos doidos por futebol", que era excelente em alguma coisa, o segredo de tanto sucesso está exatamente na capacidade de desenhar novas metas a cada momento para estar motivado, de caminhar lentamente rumo ao futuro, tão lentamente que não consegue antecipar os próximos Jogos Paralímpicos.
"Será duro, mas esse é o meu objetivo, dar-me bem no Rio2016. Mas tenho tantos objetivos este ano que ainda não estou a pensar no Rio2016. Tenho que viver cada ano à medida que vão chegando, não posso começar a planear muito à frente, porque posso perder o interesse", assumiu o atleta que, apesar de estar a ficar mais velho, não se sente a ficar mais lento.
Como homem sem medos, ou melhor, com um único, o de andar de avião, David Weir incentiva todos a correr, porque, acredita, "toda a gente pode fazer uma maratona, uma meia-maratona", que no fundo não são mais do que um dos tópicos na lista de coisas a fazer antes de morrer.
"Encarem-na de uma maneira descontraída. Espero que tenham feito todo o treino antes. Simplesmente divirtam-se, porque é uma corrida fantástica", concluiu o homem, de 33 anos, que encontrou nas corridas de cadeiras de rodas o seu sítio do Mundo.