Mundial e Jogos Olímpicos desalojam milhares de famílias

Em todo o Brasil, cerca de 30 mil famílias devem ser desalojadas das suas casas devido aos grandes projetos urbanos para preparar as cidades que devem sediar os megaeventos desportivos, como o Mundial 2014.

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DN
16/05/2013 16:41 ‧ 16/05/2013 por DN

Desporto

Brasil

Só no Rio de Janeiro, cidade que receberá os Jogos Olímpicos de 2016, três mil famílias já foram despejadas e outras 7.800 estão ameaçadas de serem retiradas das suas casas, de acordo com o cálculo feito pelo Comité Popular da Copa e das Olimpíadas que reúne cerca de 50 grupos entre movimentos sociais, investigadores, organizações não-governamentais e sindicatos.

Os despejos forçados de milhares de pessoas e a privatização de espaços públicos são alguns dos efeitos do projeto em que o Brasil está envolvido para acolher os grandes eventos desportivos, de acordo com o mais recente documento "Megaeventos e violação dos direitos humanos no Rio de Janeiro", elaborado pelo comité.

"Vejo esta política como um grande retrocesso. Os despejos e a privatização dos espaços públicos são uma grande falha na democracia brasileira. É uma inversão de valores que elimina o papel do Governo de garantir ao cidadão serviços essenciais, como o direito à habitação e à cultura", disse à Lusa Christopher Gaffney.

O geógrafo norte-americano estuda políticas desportivas e de segurança no contexto dos megaeventos e integra o Comité Popular.

Para o também investigador do Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não há um "critério consistente e aplicável" para o despejo.

"A violação do direito à habitação moradia com os despejos forçados é evidente. A especulação imobiliária é desenfreada no Rio de Janeiro", criticou.

Segundo Gaffney, as populações retiradas das suas casas reclamam da falta de diálogo, de transparência no tratamento e de falta de informação.

O relatório denuncia que o projeto Olímpico no Rio de Janeiro é marcado por "processos de exclusão e desigualdades sociais."

"A cidade avança em sentido oposto ao da integração social e da promoção da dignidade humana. Os impactos das intervenções urbanas são de grandes proporções, e envolvem diversos processos de exclusão social, com destaque para os despejos", refere o relatório.

O Rio de Janeiro está a ser palco de diversos projetos com vista à preparação da cidade para o Mundial de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.

Apenas no Rio de Janeiro, o total dos investimentos previstos já sofreu um aumento de 95 por cento, passando do valor inicial de 2,2 mil milhões de reais (840 milhões de euros) para quase 4,2 mil milhões de reais (1,6 mil milhões de euros).

Os investimentos na construção ou reforma dos estádios representam quase 25 por cento do total previsto.

O estádio do Maracanã, que receberá a final do Mundial no Rio de Janeiro, está envolvido numa polémica relacionada à sua iminente privatização, assim como de todo o complexo desportivo que será construído.

"Os estádios são palco para a manifestação da cultura local. Será praticamente um assassínio cultural em que os estádios substituirão a presença do tradicional adepto pela figura do cliente, consumidor e de classes mais altas", disse Gaffney.

De lugares de cultura, os estádios serão transformados em espaços dedicados ao consumo, criticou, destacando que o futebol brasileiro corre o risco de ser descaracterizado.

Para a construção do complexo do Maracanã é preciso demolir um parque aquático, uma escola pública, um estádio de atletismo e uma cadeia para construir dois edifícios de estacionamento para dois mil veículos, um heliporto, um centro comercial e um museu do futebol.

"A partir dessa realidade, vemos as vulnerabilidades da democracia brasileira mesmo quando o Brasil tenta construir instituições mais fortes. A Copa e os Jogos aceleram os processos não democráticos", criticou Gaffney.

O relatório refere ainda que o verdadeiro legado do projeto Olímpico no Rio de Janeiro é o de produzir "uma cidade mais desigual, com a exclusão de milhares de famílias e a destruição de comunidades inteiras, além da apropriação da maior parte dos benefícios por poucos agentes económicos e sociais".

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