A passagem de José Mourinho pelo Real Madrid não deixou ninguém indiferente e dividiu o balneário merengue. Contudo, há quem o defenda com unhas e dentes, como é o caso de Arbeloa, lateral da seleção espanhola e do Real, que acredita que até Mariano Rajoy, presidente do Governo de Espanha, "deve estar agradecido" a Mourinho, porque de tanto se falar no treinador português desviaram-se as atenções de outros problemas que se passavam no país.
Sem papas na língua, Arbeloa admite que até com amigos discutiu a propósito de Mourinho porque é "uma pessoa que não deixa ninguém indiferente e com quem se está até à morte ou contra ele". E reforçou o seu ponto de vista: "Penso que nestes três anos foi uma figura que tomou uma dimensão exageradamente grande. Qualquer pessoa podia dizer uma frase, mas se Mourinho dissesse metade saía em todo o lado. Toda a gente opinava a seu respeito e o presidente do governo [Mariano Rajoy] tem de estar-lhe muito agradecido porque se salvou de que se falasse mais de coisas que se passaram em Espanha."
Arbeloa reconhece, ainda assim, que Mourinho cometeu erros, mas justificou-os. "Quando se é treinador do Real Madrid e tem que se tomar muitas decisões importantes é normal que cometas erros. Mourinho cometeu-os, mas porque pensava que era o melhor para a equipa e sem más intenções. Ninguém é perfeito", afirmou o defesa, garantindo que teve divergências com Mourinho mas que encontrou sempre "a porta aberta" para falar "olhos nos olhos".
O jogador agradeceu ainda a Mourinho por lhe ter incutido "a mentalidade e intensidade de querer ganhar dia a dia" e, apesar de reconhecer que a sua sinceridade e apoio a Mourinho o tornaram "impopular" e lhe granjearam "alguns inimigos na imprensa", garantiu: "No futebol e no mundo, hoje em dia, a sinceridade está mal vista."
Ainda sobre a muito falada divisão no balneário provocada por Mourinho deixou uma certeza: "Havia gente mais contente com ele e alguns menos, mas isso aconteceu também com Pellegrini. É algo normal que sucede em todas as equipas e com todos os treinadores." Por fim, sobre o corte de relações com Casillas, o capitão de equipa, não quis aprofundar o tema embora tenha concluído: "Na vida, por vezes temos amizades que deixamos de ter e a vida continua. Às vezes zangas-te com um amigo, deixas de lhe falar e um ano depois voltas a falar..."