Empresários do calçado vão distribuir poupança na TSU pelos trabalhadores

Os empresários do calçado defendem que a redução da contribuição das empresas para a Segurança Social e o agravamento dos descontos para os trabalhadores é uma medida injusta, admitindo distribuir a poupança alcançada pelos seus funcionários.

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Lusa
17/09/2012 09:18 ‧ 17/09/2012 por Lusa

Economia

Indústria

"O dinheiro que eu ganhar será directamente para os trabalhadores", garantiu o empresário de calçado Luís Onofre, na feira calçado em Milão, rejeitando que a proposta do Governo de reduzir a Taxa Social Única (TSU) conduza à criação de emprego.

O empresário explicou que distribuir a poupança conseguida com a redução da TSU "é uma forma de motivar" os 52 funcionários que emprega na fábrica em Oliveira de Azeméis, considerando que "se a ideia é aumentar a produtividade nacional, esta medida vai no sentido contrário". “Este apoio às empresas não vai criar mais emprego. Eu não vou criar mais emprego”, declarou.

O empresário Carlos Santos, dono da empresa de calçado Zarco, adiantou que a redução da TSU "não significa muito para as empresas já que os salários representam cerca de 10% do custo de produção", considerando que "chegou a uma altura em que há limites para os cortes salariais".

Foi nesse contexto que, no ano passado, deu um prémio aos mais de 100 trabalhadores, que representou cerca de um terço do ordenado: “Se puder, este ano voltarei a compensar os trabalhadores, porque quero vê-los satisfeitos e tenho a certeza de que há muitos empresários que vão fazer o mesmo”.

Salvaguardados pelo facto de mais de 90% da produção se destinar à exportação, Luís Onofre e Carlos Santos não destacam o impacto que a medida poderá ter no consumo interno, que é uma das maiores preocupações da Evereste, que vende metade da produção no mercado português.

“Psicologicamente as pessoas vão ficar ainda mais retraídas. Esta política está a atrofiar a economia em Portugal”, afirmou António Carlos, administrador da Evereste, que receia também uma maior pressão sobre os preços por parte dos clientes internacionais.

No primeiro dia da feira de calçado, em Milão, o empresário contou que "a notícia de uma redução dos custos, se não for motivo para baixar os preços pelo menos será motivo para não aumentar. Já ouvi esse argumento".

Amílcar Monteiro, sócio-gerente da Kyaia, o maior grupo português de calçado, considerou, por seu turno, “difícil” que a redução da TSU “sirva o objectivo proposto de criação de emprego”, realçando o impacto sobre a quebra no consumo por via da perda de poder de compra.

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