O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, revela em entrevista ao jornal Público, desta sexta-feira, que como funcionário público que é também tem “sido afectado” pelos cortes de que os trabalhadores do sector têm sido alvo, pelo que de alguma forma “compreendo esta, digamos, falta de perspectiva, (…) de horizonte para que se resolvam definitivamente estes problemas”.
“Compreendo esse desânimo dos funcionários públicos”, afirma Hélder Rosalino, acrescentando contudo que “enquanto não conseguirmos resolver os problemas do País, enquanto não conseguirmos ajustar a despesa pública, enquanto não devolvermos a estabilidade à nossa situação enquanto País e enquanto sector público, haverá sempre pressão sobre a Administração Pública”.
Neste sentido, considera Hélder Rosalino, “os principais interessados no equilíbrio das contas públicas e na resolução dos nossos problemas financeiros são os funcionários públicos” porque “podem ser desonerados desta pressão”.
Esta entrevista é publicada no mesmo dia em que os trabalhadores do Estado realizam uma greve. Questionado sobre o nível de adesão, o secretário de Estado recorre aos registos de paralisações anteriores para sustentar a sua expectativa que espera não fugir “da casa dos 20%”, uma percentagem que “se tem mantido estável ao longo do tempo”.
Sobre os motivos que levam a esta greve, Hélder Rosalino diz ao jornal Público que o que está em causa no Orçamento do Estado para 2014 é “chamar todos os funcionários públicos para este esforço de ajustamento da despesa e não colocar todo o ónus [apenas] numa parte desses trabalhadores”.
Além disso, salienta, “o corte nos subsídios dos trabalhadores e pensionistas em 2012” foi “superior em termos de impacto (…) ao esforço que agora é exigido para 2014” com o corte nos salários a partir dos 700 euros.
Ao jornal Público, o secretário de Estado da Administração Pública afirma ainda que “gostava bastante que os meus filhos, que são pequenos, fossem por exemplo médicos e pudessem entrar no sector público” porque, sustenta, “o Estado continua a oferecer desafios profissionais muito interessantes em vários domínios”.