"Foi criado o novo mito de que temos fazer reformas estruturais. O problema hoje não está do lado da oferta da economia e as reformas estruturais lidam com isso. Claro que temos de ser mais eficientes, mas o problema é que mandamos abaixo a procura e em resultado a economia não cresce. Temos de alterar isso", defendeu, em entrevista à Lusa, o belga Paul de Grauwe, professor na London School of Economics.
Para o economista, que está em Lisboa para participar na conferência que assinala os 25 anos do INDEG, a escola de negócios do ISCTE -- Instituto Universitário de Lisboa, o que se passa é que os líderes que definem as políticas económicas "foram educados nos anos 70, em que o problema era do lado da oferta da economia", e não perceberam que a crise económica que a Europa atravessa é de uma dimensão diferente.
"Vocês [em Portugal] fizeram reformas estruturais, flexibilizaram, reformaram o mercado trabalho e não resultou. Porque o problema está do lado da procura", explicou o académico.
Para Paul de Grauwe, Portugal tem de deixar de ser o bom aluno da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), não aplicar novas medidas punitivas para a economia e aliar-se a outros países do Sul da Europa para pressionar Bruxelas e Berlim a mudarem o rumo das políticas que exigem.
Além disso, considerou, o Banco Central Europeu devia intervir ainda mais.
O pensamento do economista belga coincide com o de Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2011 e antigo vice-presidente do Banco Mundial. Para este economista norte-americano, as reformas estruturais europeias "foram desenhadas para melhorar a economia do lado da oferta e não do lado da procura", quando o problema real é a falta de procura.