"Só fala de reforma do Estado quem nunca reformou coisa nenhuma. No banco, as reformas demoram anos a fazer e há uma equipa que está junta há 30 anos", realçou o banqueiro na sua intervenção no Congresso das Comunicações, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).
"Um governo que aterrou em junho de 2011, mais a 'troika' [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional], como é que faria a reforma do Estado?", questionou Ulrich.
E reforçou: "Não acredito nisso. Quando os ouço a dizer isso, digo coitado. Nunca fez nenhuma reforma, nunca teve a mão na massa, porque senão sabia que isso ia durar anos".
Refira-se que o guião da reforma do Estado foi recentemente apresentado pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
"Não andemos sempre a dar tiros nos pés, até porque estamos mais dependentes do exterior do que nunca", sublinhou o gestor.
Segundo Ulrich, o ponto mais positivo do Orçamento do Estado para 2014 é a previsão de Portugal ter um saldo primário positivo.
"É muito importante. Se formos capazes de manter isto durante muitos anos, vamos ter o apoio dos mercados e dos credores internacionais", assinalou.
Olhando para o percurso feito por Portugal nos últimos anos, ao nível do ajustamento económico, Ulrich considerou que o país "tem feito um esforço absolutamente notável, extremamente difícil, quer no setor privado, quer no setor público".
"Nunca me esqueço que, no banco, temos uma equipa é um exército disciplinado e estamos juntos há 30 anos. Todos sabemos que não é assim no setor público. Seja no governo ou nas empresas públicas", frisou.
Daí, na sua opinião, "é muito mais difícil estar à frente de um ministério do que à frente do BPI", devido à "capacidade de atuar sobre as coisas depende das equipas e das pessoas".
E deixou um elogiou aos gestores que aceitam integrar os Governo: "Admiro quem aceita esse desafio de ir para a esfera pública".
De acordo com Ulrich, "neste quadro" que marca o país, "fazer o que já se fez é notável".
"O ajustamento não foi só feito a partir da contração da procura interna. Não se podia a continuar indefinidamente a comprar casas e a construir estradas. Nada disto se vai voltar a repetir. Não é preciso, nem é financiável", concluiu.