"Fala de reforma do Estado quem nunca reformou coisa nenhuma"

O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje o processo de reforma do Estado lançado pelo Governo, considerando que este esforço exige um período temporal muito extenso, que não acredita que seja realizável pelo atual Executivo.

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Lusa
14/11/2013 14:31 ‧ 14/11/2013 por Lusa

Economia

Fernando Ulrich

"Só fala de reforma do Estado quem nunca reformou coisa nenhuma. No banco, as reformas demoram anos a fazer e há uma equipa que está junta há 30 anos", realçou o banqueiro na sua intervenção no Congresso das Comunicações, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

"Um governo que aterrou em junho de 2011, mais a 'troika' [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional], como é que faria a reforma do Estado?", questionou Ulrich.

E reforçou: "Não acredito nisso. Quando os ouço a dizer isso, digo coitado. Nunca fez nenhuma reforma, nunca teve a mão na massa, porque senão sabia que isso ia durar anos".

Refira-se que o guião da reforma do Estado foi recentemente apresentado pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

"Não andemos sempre a dar tiros nos pés, até porque estamos mais dependentes do exterior do que nunca", sublinhou o gestor.

Segundo Ulrich, o ponto mais positivo do Orçamento do Estado para 2014 é a previsão de Portugal ter um saldo primário positivo.

"É muito importante. Se formos capazes de manter isto durante muitos anos, vamos ter o apoio dos mercados e dos credores internacionais", assinalou.

Olhando para o percurso feito por Portugal nos últimos anos, ao nível do ajustamento económico, Ulrich considerou que o país "tem feito um esforço absolutamente notável, extremamente difícil, quer no setor privado, quer no setor público".

"Nunca me esqueço que, no banco, temos uma equipa é um exército disciplinado e estamos juntos há 30 anos. Todos sabemos que não é assim no setor público. Seja no governo ou nas empresas públicas", frisou.

Daí, na sua opinião, "é muito mais difícil estar à frente de um ministério do que à frente do BPI", devido à "capacidade de atuar sobre as coisas depende das equipas e das pessoas".

E deixou um elogiou aos gestores que aceitam integrar os Governo: "Admiro quem aceita esse desafio de ir para a esfera pública".

De acordo com Ulrich, "neste quadro" que marca o país, "fazer o que já se fez é notável".

"O ajustamento não foi só feito a partir da contração da procura interna. Não se podia a continuar indefinidamente a comprar casas e a construir estradas. Nada disto se vai voltar a repetir. Não é preciso, nem é financiável", concluiu.

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