Contra tudo o que seria expectável, a Irlanda, antes da reunião do Eurogrupo, anunciou que vai regressar aos mercados sem contar com qualquer ajuda da Europa e do FMI. A decisão foi avançada pelo primeiro-ministro irlandês Enda Kenny e explicada, posteriormente, pelo responsável pela pasta das Finanças, Michael Noonan.
Foi uma decisão “muito ponderada”, referiu Noonan, esclarecendo que “todos os programas e respectivas condições são específicas para cada país. Outro país, como Portugal, o próximo na linha para deixar o programa [de ajuda externa], pode pesar os argumentos dos dois lados e decidir que é equilibrado pedir um programa cautelar”, ou seja, prosseguiu, “o facto de a Irlanda ter decidido de uma forma não estabelece um precedente que os outros tenham que seguir”.
Esta decisão condiciona, no entanto, a estratégia definida por Portugal, que pretendia aproveitar as condições que fossem impostas à Irlanda para negociar, no Verão do próximo ano aquando do fim do memorando de ajustamento, o seu programa para o período pós-troika, refere hoje o Diário Económico.
Isto mesmo foi assumido pelo Governo português que pela voz do ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, referiu que Portugal ficou “sem um ponto de referência porque, se a Irlanda tivesse optado por esse programa cautelar, as negociações do mesmo seriam uma referência interessante para o nosso País”, comentou o governante aos jornalistas, no final da reunião semanal do Conselho de Ministros.
Saliente-se que a Irlanda tem sido considerada como um exemplo e caso de sucesso na aplicação dos programa de austeridade que estão a ser impostos pela troika aos países sob resgate.