"Sem reestruturação da dívida ficamos esfolados"
O socialista João Cravinho destaca em entrevista ao jornal i, publicado este sábado, que “o problema número um” do País “é o crescimento”. Contudo, deixa o aviso, “sem haver uma restruturação em profundidade da dívida ficamos de tal maneira esfolados que não nos resta nenhuma possibilidade de financiar políticas inteligentes de crescimento”.
© LUSA
Economia João Cravinho
Em entrevista este sábado ao jornal i, o socialista João Cravinho afirma, desde logo, que “se a Alemanha não mudar, se continuar a bloquear elementos institucionais extremamente importantes” - que permitam resolver “o problema da dívida e se progrida, por exemplo, na união bancária, para que a própria Comissão Europeia saia do apagamento e da anulação quase total a que se remeteu nos últimos anos - é evidente que é impossível manter o euro”.
Na opinião do socialista, “até agora a Alemanha não revelou vontade de acabar com o euro, mas pode subestimar as forças das tensões desagregadoras que a sua obstinação vai semeando”, avisa.
E que consequência teria essa situação? “O caos que atinge todos os países e até a própria Alemanha” porque “a viabilidade do sistema bancário alemão pode ser posta em causa” e que apesar de poder ser resolvida, “custa muitíssimo mais do que fazer outra coisa qualquer para viabilizar o euro”.
“A Alemanha, em vez de ser uma âncora é uma rocha a que se amarram todos os outros, em protesto ou apoiando-a. Tem uma noção muito moralista e simplificada das origens da crise: ‘aqueles tipos desbarataram por completo a sua gestão financeira, fizeram uma grande orgia irresponsável’” e “’a única maneira de acabar com as orgias é submeter as pessoas a dieta’”. Acontece que, refere João Cravinho, “está a ser chamada à realidade com procedimentos do défice excessivo”.
Além disso, “o problema número um é o crescimento, mas sem haver uma restruturação em profundidade da dívida ficamos de tal maneira esfolados que não nos resta nenhuma possibilidade de financiar políticas inteligentes de crescimento”. Particularmente em relação a Portugal, o socialista refere nestas entrevista ao jornal i que “não pode ter 20, 25 anos para pagar a dívida”, deve “pedir, no mínimo dos mínimos, 40 anos, e não deve sair daí”.
João Cravinho comenta ainda os dois mandatos do português José Manuel Durão Barroso à frente da Comissão Europeia reconhecendo que “a tarefa era difícil porque tinha a oposição da Alemanha e não teria apoio suficiente de ninguém”.
Mas e apesar de ainda se ter rebelado “uma ou outra vez, foi completamente incapaz de assumir e impor aquilo que, por processo comunitário, compete à Comissão. Se formos ver resultados, zero. Ou muito pouco. Não esteve à altura da situação. Ninguém se lembrará de dizer que ele foi um dos grandes arquitectos seja lá do que for”.
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