Maioria dos swap problemáticos podem aumentar a dívida pública

Mais de 80% dos contratos swap das empresas públicas considerados problemáticos, e que foram cancelados pelo Governo, podem vir a aumentar a dívida pública, alerta a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

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© Reuters

Lusa
28/11/2013 06:32 ‧ 28/11/2013 por Lusa

Economia

UTAO

De acordo ao documento a que Agência Lusa teve acesso, onde os técnicos independentes analisam o impacto orçamental do cancelamento dos contratos 'swap' entre as empresas públicas e bancos, muitos dos contratos problemáticos podem vir a pesar na dívida pública.

As regras do Eurostat dizem que os contratos não são considerados em termos de dívida pública, pois para tal só contam as responsabilidades das administrações públicas em numerário, depósitos, títulos de dívida e empréstimos, ficando os fluxos de 'swap' e o seu cancelamento de fora da dívida pública.

No entanto, os 'swap' podem ter efeito na dívida pública se forem registados como instrumentos de financiamento, ou seja, se forem desequilibrados à partida, naquilo que são chamados de "off-market".

Estes contratos são aqueles que têm um valor de mercado inicial que é diferente de zero (altura em que por principio estes têm de ser equilibrados).

A UTAO relembra dados do IGCP que alertavam que no dia seguinte ao da celebração do contrato, o chamado Day1 PV, o valor já era excessivo no caso dos contratos considerados problemáticos. Este valor era tão negativo que valia mesmo 81% do valor de mercado negativo que estas operações tinham no final de 2012.

"Inclusivamente, ter-se-ão verificado situações onde, apesar do 'swap' ter tido uma performance positiva desde a contratação, o MtM (valor de mercado) actual é negativo, em virtude dessa performance não ter sido suficiente para compensar um Day1 PV muito desfavorável. De acordo com o IGCP, a relevância deste último factor não terá sido detectada numa primeira fase, mas a análise ao histórico das operações demonstrou ser este factor responsável por uma parte significativa do valor de mercado actual das transacções, no caso de alguns dos contratos", diz a UTAO.

Assim, estes contratos podem ainda a vir ser considerados para efeitos de dívida pública, dependendo da avaliação feita pelas entidades estatísticas, caso decidam considerá-lo um instrumento de financiamento. O valor aumentaria a dívida pública numa fase inicial, mas viria a anular-se na maturidade do contrato.

A regra que leva a que os 'swap' deixem de ser considerados para efeitos contabilísticos como derivados financeiros (fora da dívida pública) e passem a ser considerados instrumentos de financiamento (dentro da dívida pública) foi criada para acautelar os chamados 'swaps' para maquilhar dívida pública.

Este tipo de 'swap' que foram contratados, entre outros, pela Grécia, constituíam num pagamento inicial considerável da contraparte (o banco) que entraria nas contas públicas de um país como receita e assim ajudava a baixar os défices no momento inicial. No entanto, os pagamentos até ao fim da vida do contrato acabavam por se altamente desfavoráveis ao longo da maturidade do contrato, tudo para ter uma ajuda no défice daquele ano.

Neste tipo de contratos, como o pagamento era feito à cabeça, o valor inicial dos contratos nos dias seguintes à sua contratação ficavam à partida extremamente desequilibrados e assim passaram a ser considerados como financiamento.

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