Mark Blyth editou recentemente o livro ‘Austeridade: a história de uma ideia perigosa’, uma obra que coloca em causa todas as políticas de austeridade impostas nos países em recessão, em especial em Portugal.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Blyth afirma que a solução não passa pela austeridade, nem tampouco pelo corte da despesa pública, porque, defende, pode-se “cortar a despesa pública em Portugal até à idade da pedra que isso não terá impacto na exposição dos bancos estrangeiros aos mercados da dívida soberana”.
Aliás, o economista diz mesmo que Portugal pode ser visto como “alguém que teve um acidente: tem uma perna partida, a cara esfacelada, tem problemas de respiração e mal se consegue mexer. Nós levámo-lo para o hospital e a receita do médico é : vamos retirar-lhe o sangue do corpo”.
Esta analogia criada pelo também professor universitário é justificada com o facto de Portugal ter “com certeza os seus problemas a longo prazo”, mas que tais não serão resolvidos com austeridade. “Irá simplesmente tornar a coisa pior”, sublinhou.
A iminência de um segundo resgate é vista por este especialista como uma forte probabilidade e também necessidade, já que Portugal “simplesmente não esta a gerar crescimento para que aconteça outra coisa”.
Este professor de economia política internacional na Universidade de Brown, nos Estados Unidos, revela que a actual situação económica europeia se deve a um “problema do sistema bancário” e não a um problema orçamental. Para o economista, a solução está, numa primeira instância, em “parar a austeridade” e depois em “parar de fingir que isto é uma crise da dívida pública, que não é”.
Mais uma vez, Blyth defende que os problemas económicos na Europa se devem a “uma crise bancária”, sendo, desse modo, fundamental “resolver o problema bancário” e os activos tóxicos.
“Estamos parados numa união bancária há um ano, pela simples razão de que alguém tem de lidar com um bilião de dólares de activos tóxicos que estão nos sectores bancários espanhóis e outros”, disse ao Jornal de Negócios.