No relatório ‘Anatomia da crise: identificar os problemas para construir alternativas’, publicado ontem (terça-feira) pelo Observatório sobre Crises e Alternativas e que vai ser apresentado, esta tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, concluiu-se que “o efeito pretendido com [o agravamento] da TSU foi alcançado através das alterações ao Código do Trabalho em 2012, que terão tido uma dimensão semelhante ou mesmo superior”.
Num balanço de três anos de intervenção externa, o Observatório sobre Crises e Alternativas refere que o Governo tem assumido “a austeridade como forma de economia política, que conheceu alternativas nas fases iniciais de ‘gestão’ da crise, mas que a seguir passou a ser sistematicamente formulada tendo em vista agir sobre o modelo social e político, revolucionando-o estruturalmente através do modo como considera o trabalho e o Estado”.
De acordo com o documento, hoje citado pelo Jornal de Negócios, e que teve como autores, por exemplo, Manuel Carvalho da Silva, José Reis, Nuno Teles, João Rodrigues e José Manuel Pureza, as alterações laborais aplicadas a partir de Junho de 2012 fizeram os trabalhadores perder até 724,9 milhões de euros só este ano, através de cortes no trabalho suplementar e redução de feriados.
Um trabalho médio, refere o relatório, com um salário de 962 euros, 157 horas de trabalho suplementar por ano e que trabalhe quatro feriados, perderá 2,9% do rendimento anual.
Já do lado das empresas conseguiram alcançar poupanças até 2,2 mil milhões de euros com esses cortes no trabalho suplementar e feriados, assim como através da redução do número de dias de férias e do fim do descanso compensatório por horas extraordinárias.