O Canal de Moçambique e MédiaFax, editados em Maputo, publicaram uma opinião do economista moçambicano Castel-Branco, em que se questiona se o chefe de Estado, Armando Guebuza, pretende instalar o fascismo no país, acusando-o de ser responsável pela atual crise política e militar em Moçambique.
"A crise político-militar que se está a instalar a grande velocidade faz lembrar as antecâmaras do fascismo. Em situações semelhantes, Hitler e Mussolini, Salazar e Franco, Pinochet e outros ditadores militares latino-americanos, Mobutu e outros ditadores africanos, foram instalados no poder, defendidos pelo grande capital enquanto serviam os interesses desse grande capital, e no fim caíram", lê-se na carta, que os dois jornais retiraram da conta de Facebook do autor.
Em declarações à Lusa, o diretor do semanário Canal de Moçambique, Fernando Veloso, disse que recebeu uma notificação da Procuradoria-Geral da República (PGR) em Maputo, para responder a perguntas relacionadas com a divulgação da carta de Castel-Branco.
"Fui notificado e estou surpreendido, porque não vejo matéria que justifique a iniciativa do Ministério Público. Sinto que há aqui um conflito de interesses, porque, sendo o chefe de Estado o lesado, sou notificado pelo Procurador-Geral da Pública, que é nomeado pelo chefe de Estado", afirmou Fernando Veloso.
O editor do Canal de Moçambique considerou a atitude da PGR uma violação da liberdade de expressão, uma vez que a carta em causa manifesta a opinião do autor em relação à governação do país.
Por seu turno, o editor do MediaFax também confirmou ter sido notificado para comparecer na PGR moçambicana, para responder a perguntas relacionadas com a publicação da carta de Castel-Branco.
"A única alegação que podem apontar é o abuso da liberdade de expressão, mas não me sinto amedrontado. Não tenho medo, pois apenas dei espaço para alguém expor uma opinião. Publiquei a carta, porque acho que a carta expressa a opinião de Castel-Branco em relação à governação do país", afirmou Fernando Banze.