O anúncio foi feito pela administração da empresa chinesa no final de visitas ao presidente e ao primeiro-ministro de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves, respectivamente, nas quais apresentou os planos de reestruturação do porto do Mindelo e a reconversão do principal estaleiro de reparação naval do arquipélago.
A "China Road & Bridge Corporation", especializada em obras marítimas, indicou também ter sob sua responsabilidade a construção de várias infraestruturas ligadas à economia marítima, "muito importantes" para a dinamização da economia da ilha do Porto Grande.
Sem avançar datas concretas para o arranque das obras nem os custos a elas associados, a empresa garantiu a "qualidade e eficiência" dos projetos, integrados no "Cluster do Mar" defendido pelo Governo cabo-verdiano, de forma a tornar o Mindelo uma plataforma marítima logística no meio do oceano Atlântico.
Com o porto de águas profundas, um sonho que as autoridades cabo-verdianas mantêm desde a independência, em 1975, irá ajudar a incrementar o negócio de reparação naval e de apoio às frotas pesqueiras internacionais, prevendo-se também a instalação de um centro internacional de pescas.
Projetada para funcionar como centro de excelência em segurança marítima e investigação oceanográfica, o porto de águas profundas do Mindelo irá concorrer diretamente com os de Dacar (Senegal) e de Las Palmas (Canárias, Espanha), quer a nível de preços, quer nas facilidades e serviços portuários.
Segundo estimativas da Empresa Nacional de Administração dos Portos de Cabo Verde (Enapor), a edificação do porto no Mindelo vai possibilitar a criação de 300 a 500 empregos diretos e gerar receitas anuais entre 14,2 milhões e 21,4 milhões de euros até 2023.
O administrador da Enapor, Franklin Spencer, indicou que a infraestrutura permitirá também diminuir os custos na importação de produtos, com poupanças anuais entre os 2,8 milhões e os 4,2 milhões de euros.
A China tem-se tornado, nos últimos anos, um parceiro cada vez mais forte de Cabo Verde, tendo em vista os investimentos em vários domínios, num projeto que, desde 2009, envolve mais de 200 milhões de euros.
Os setores mais fortes são os da defesa e segurança, infraestruturas e pescas que, através da cooperação/investimentos chineses, têm permitido a Cabo Verde desenvolver vários setores cruciais para o desenvolvimento, havendo também ações ligadas às áreas sociais, nomeadamente no combate à pobreza.
Nas infraestruturas, a China já construiu o novo estádio nacional, os palácios do Governo e do Parlamento e vai começar a remodelar, antes do final do ano, o Presidencial, além de ter construído a primeira barragem do país, a do Poilão, interior de Santiago, e várias escolas rurais e unidades de saúde.