No dia seguinte à libertação da Irlanda da intervenção da troika, o secretário-geral da maior confederação de sindicatos daquele território, David Begg, dificilmente poderia ser mais corrosivo, no âmbito de uma entrevista que concede ao Diário Económico. Questionado por aquela publicação sobre se o programa da troika foi bom para a Irlanda, a resposta pronta e peremptória foi um redondo: “Não”.
“O desemprego está mais alto, a nossa dívida é maior e a emigração está a levar os melhores e mais brilhantes dos nossos jovens. O programa provocou a destruição económica e social da Irlanda”, afirmou, ciente de que “o país carrega uma dívida enorme por cortesia da decisão de resgatar os bancos – um resultado da estupidez política e da pressão do Banco Central Europeu”.
Na opinião do sindicalista, “a política do dia 16 [hoje] será a mesma do dia 15 de Dezembro [data da saída da Irlanda do programa de resgate financeiro]”, porque “a Europa está refém de uma mentalidade de austeridade”, já que “a troika era uma tecnocracia sem sentimentos, que não ouvia”.
Prova disso, para David Begg, são as declarações do antigo chefe de missão do FMI na Irlanda, Ashoka Mody, que afirmou em entrevista ao Irish Times que “toda a política estava errada desde o primeiro dia”.
“O custo do ajustamento esmagou essencialmente quem estava pior e os escalões de rendimento médios e baixos”, lamentou o secretário-geral do ICTU, salientando a necessidade de os sindicatos se reagruparem e reorganizarem para “retomar a batalha em 2014”.