Depois de os sindicatos terem, ontem, discutido com o novo secretário de Estado da Administração Pública o terceiro, em menos de meio ano, aumento dos descontos de pensionistas e funcionários públicos para a ADSE, o Jornal de Negócios foi ouvir vários economistas para tentar perceber a justificação do Governo ao aplicar esta medida.
Acontece que, todos são unânimes na defesa de que o subsistema de saúde do Estado já é autossustentável, contrariamente ao que afirma o Executivo.
“A despesa em 2012 rondou os 457 milhões de euros, mas se descontarmos daí medicamentos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, e outros cuidados que teriam de ser assegurados de qualquer forma pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), a despesa [da ADSE] fica-se pelos 170 milhões de euros”, destaca o economista Mendes Ribeiro.
Neste sentido, prossegue, se os beneficiários deste subsistema de saúde do Estado contribuíram nesse ano com 214 milhões de euros, a despesa, conclui o economista, “ficava mais do que paga”.
No mesmo sentido, o economista Pedro Pita Barros sublinha que aumentar para “3%” os descontos para a ADSE seria “mais do que suficiente”. Também ao Jornal de Negócios, outro economista, Eugénio Rosa, conclui que “o aumento brutal dos descontos nos vencimentos e pensões torna-se ainda mais chocante quando visa criar excedentes para financiar o Orçamento do Estado”.
Recorde-se porém que, quando a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, anunciou esta medida, repetiu que tal prende-se com a antecipação de um compromisso firmado com a troika de garantir a autossustentabilidade dos subsistemas públicos de saúde.