Líder da Guiné Equatorial quer "comprar vontades" ao investir no Banif
O líder da oposição da Guiné Equatorial no exílio, Severo Moto, considerou hoje que o investimento daquele país africano no Banif é uma tentativa de "comprar vontades", incluindo para a adesão à CPLP.
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Economia Críticas
"Isto é dinheiro que serve para comprar vontades. E para que o Obiang e a sua família possam continuar a roubar", afirmou Severo Moto, em declarações à Lusa em Madrid.
"Toda a gente sabe que o Presidente Obiang está a nadar na abundância do dinheiro que recebe do petróleo. Como nos EUA já estão atrás do que tem roubado e em França também, está a fugir desses países onde tem problemas e a refugiar o seu dinheiro em Portugal e noutros países", disse.
Na quarta-feira, o Banif divulgou que estabeleceu um memorando de entendimento com a República da Guiné Equatorial visando a colaboração entre as partes no setor bancário, que poderá levar à entrada de uma empresa daquele país africano no capital do banco.
"O Banif - Banco Internacional do Funchal, SA (Banif) informa que celebrou um Memorando de Entendimento (MdE) não vinculativo com a República da Guiné Equatorial, tendo em vista iniciativas de colaboração no setor bancário em condições que venham a ser acordadas entre as partes", lê-se num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Segundo o documento, "no âmbito das referidas iniciativas está prevista a possível tomada de uma participação qualificada no capital social do Banif por empresa da Guiné Equatorial, se possível, no montante remanescente para a conclusão da segunda fase do processo de recapitalização do Banif, destinado a investidores internacionais (de cerca de 133,5 milhões de euros).
Para o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Murade Murargy, o investimento no Banif é uma forma de demonstração do real interesse de cooperação daquele país africano com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"A Guiné Equatorial está interessada em investimentos nos nossos países, começando por Portugal. Esta injeção de capitais no Banif é uma forma que a Guiné Equatorial está a demonstrar que quer realmente cooperar connosco", disse o diplomata moçambicano, em declarações à Lusa na quinta-feira no final da visita do grupo parlamentar do PSD à sede da CPLP.
Severo Moto também considera que o investimento é "um bilhete" para a CPLP, mas insiste que é uma adesão que "social e culturalmente" não faz sentido "num país que tem como línguas oficiais o espanhol e o francês" e que apenas pretende "influência".
"O interesse de adesão á CPLP não tem a ver com afinidades ou com boas relações. Tem a ver com interesses económicos", afirmou o líder da oposição.
"Obiang procura influência e a proteção de outros países. O que a Guiné quer é projeção internacional, porque agora se sente mais abandonada que nunca pela comunidade internacional", disse.
Moto rejeitou igualmente os argumentos dos que consideram que uma eventual adesão à CPLP ajudaria a democratizar a Guiné Equatorial ou a combater os abusos de direitos humanos e falta de liberdades no país.
"Espanha, que é a potência colonizadora, não o conseguiu. França, que é o país com mais influência na zona, não o consegue. É muito difícil que consigam outros", disse, rejeitando também a postura de Angola, que defende a adesão da Guiné Equatorial à CPLP.
"Conheço Angola e não considero que seja um paradigma de respeito de direitos humanos. Aliás, os direitos humanos e a liberdade em África são questões pendentes em todos os países africanos", disse.
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