Porque “o ajustamento vai demorar 20 anos e demorando 20 anos, todos vão ser chamados à responsabilidade”, o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, sustenta, no programa ‘Tudo é Economia’, da rádio TSF e Dinheiro Vivo, que quer Passos Coelho, quer António José Seguro “têm de estar à altura” dos desafios do país, frisando que “temos de ter a coragem de encontrar denominadores comuns que nos permitam sair da melhor maneira”.
Sobre o pós-troika, agendado para 17 de maio, Oliveira Martins considera que “é prematuro” definir se Portugal deve optar por um programa cautelar ou uma saída limpa porque, sublinha, “isso reduzirá a margem de manobra. O que temos que garantir é que quando chegarmos ao termo desse prazo tenhamos as taxas de juro nas melhores condições”.
O presidente do Tribunal de Constas afirma também, nesta entrevista, que ainda há ‘gorduras’ no Estado onde é possível cortar. “Há zonas de desperdício na Administração, no Estado, na utilização dos dinheiros públicos. A dificuldade está aí: não devemos sacrificar o essencial e devemos combater as despesas dispensáveis”, avisa.
“A inércia da máquina do Estado” conduz, na opinião de Oliveira Martins, a que seja “mais difícil preservar uma despesa essencial do que cortar no desperdício. Porque o desperdício corresponde a um hábito que se vai mantendo e que, às vezes, é confundido com direitos adquiridos. O que temos é de distinguir claramente aquilo que são verdadeiras prioridades”.