"Nos últimos três anos, em que Portugal enfrenta a crise financeira, a parte chinesa não ficou de braços cruzados, mas oferece o seu apoio financeiro com o objetivo de superar dificuldades temporárias", referiu o diplomata num breve discurso na embaixada da China em Lisboa.
"O governo chinês tomou a decisão imediata de comprar obrigações de Tesouro de Portugal, e os investidores públicos e privados chineses participam de maneira ativa na privatização das empresas públicas", salientou Huang Songfu, exprimindo-se em português.
Na presença do vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, e de diversos secretários de Estado, magistrados, deputados, diplomatas e militares, com destaque para o ex-presidente da República Ramalho Eanes (1976-1985), Huang Songfu enalteceu os 35 anos de relações diplomáticas sino-portuguesas, formalizadas em 8 de fevereiro de 1979, como um exemplo de "coexistência pacífica" entre países com regimes políticos distintos.
"Particularmente a resolução da questão de Macau através de negociações amistosas oferece ao mundo inteiro um bom exemplo da resolução pacífica das questões legadas pela história (...) e estabelece uma base sólida para o fortalecimento da amizade entre os nossos dois povos", sublinhou o embaixador chinês, antes de mencionar a "Parceria estratégica global sino-portuguesa" de 2005, "marco importante na história do desenvolvimento das relações bilaterais".
Huang Songfu recordou o "novo e ambicioso plano de desenvolvimento para aprofundar a reforma e a abertura" da China, também designado "Sonho Chinês", garantiu que Portugal "está preparado para se livrar da crise financeira com os bons sinais de recuperação económica" e "vai ganhar novos desenvolvimentos económicos e sociais", para benefício do país.
"Neste contexto, as relações sino-portuguesas estão no seu novo ponto de partida histórico, que conta com novas oportunidades e desafios (...) e vão ganhar mais avanços no futuro", asseverou.
O vice-primeiro-ministro Paulo Portas, enquadrado por um painel com imagens sobrepostas da muralha da China e dos Jerónimos, pombas brancas da paz e bandeiras dos dois países, frisou a importância das relações entre os dois países e destacou a componente económica, uma marca da sua passagem pelo Palácio das Necessidades.
"Cumpriu-se não apenas um legado da história (...) como um desígnio com visão, na exata medida que é do interesse da afirmação externa de Portugal ter amizades sólidas no continente asiático, e muitíssimo relevantes na nova ordem internacional, do mesmo modo que a República Popular da China identificou em Portugal um dos poucos países com quem estabeleceu até hoje uma parceria estratégica".
Numa referência ao processo de privatizações em Portugal, em que a China se tem destacado, e após recordar a importância do processo de transição em Macau, o vice-primeiro-ministro elogiou o "gesto mútuo" dos dois governos.
"Portugal cumpriu com as melhores práticas internacionais ao atribuir nas privatizações onde era merecido, por se apresentar como a melhor proposta, a um ou a concorrentes não europeus, a vitória nesses processos de privatização (...) Quem apresenta a melhor proposta ganha uma privatização em Portugal".
No final, brindou-se ao 35.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e à "amizade e cooperação entre a China e Portugal e os dois povos pela paz permanente no mundo e o progresso de toda a humanidade, e pela saúde de todos os convidados e amigos presentes".