"Exige-se também uma reflexão profunda sobre o modelo de organização e gestão do sector público, que permita encontrar soluções indutoras de ganhos de eficiência na produção dos bens e serviços públicos, minimizando desta forma os impactos sobre a sociedade da redução dos recursos afectos às principais áreas de despesa", afirmou Carlos Costa, na abertura do ano lectivo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Carlos Costa exemplificou, não sem antes se desculpar perante qualquer presente do sector hospitalar, com um caso do hipotético gestor de um hospital que tem "quatro ou cinco operadores e um anestesista", quando a relação ótima seria dois anestesistas e quatro operadores, o que levaria à subutilização dos operadores para lá do necessário.
"Temos que perceber que há unidades do sector público que são autênticas unidades empresariais onde se coloca um problema de combinação de recursos para obter um produto e qualquer gestor de uma empresa sabe que se tem problemas na afectação dos recursos tem necessariamente um resultado sub-ótimo ao nível do produto", explicou o governador do Banco de Portugal.
Assim, de acordo com Carlos Costa, "os programas sectoriais de despesa terão de ser redimensionados, para assegurar que o nível de despesa pública em Portugal é compatível com a capacidade produtiva da economia e as tendências demográficas e com o nível de tributação socialmente aceitável".