Convidado a discursar nas jornadas parlamentares do PS, que encerram esta tarde na Nazaré, o economista Silva Lopes, ex-ministro das Finanças e antigo governador do Banco de Portugal, começou por confessar aos presentes que é “um pessimista incurável” para depois apontar o dedo aos socialistas, ao Governo e aos credores internacionais.
Silva Lopes defendeu, desde logo, que “propor baixa de impostos” como tem sido sugerido e até prometido por vários governantes nos últimos tempos, “é, do ponto de vista económico, um disparate perigosíssimo”, "uma ideia estúpida", e uma “irresponsabilidade total”, conta o Diário Económico.
O ex-governante considerou ainda, perante os socialistas, que o Governo de coligação tem estado aproveitar-se da “desculpa do equilíbrio das contas públicas para implantar a sua agenda ideológica”.
Até porque considera que, a famosa recuperação de que se tem falado “é perigosa, porque é sempre com base na expansão do consumo” e “isso desequilibra a balança de pagamentos”. Além disso, Silva Lopes recuperou a ideia de que é necessário “travar” o peso da despesa com pensões, sustentando que a maioria não é paga de acordo com os descontos feitos. Pelo que, na opinião do economista, cai por terra o argumento dos “direitos adquiridos”.
Mas também o PS foi alvo de críticas da parte do economista, destaca o Diário Económico. Silva Lopes afirmou que o apoio socialista à reforma do IRC, já em vigor, “só beneficia grandes empresas como a PT ou a EDP”. E a reestruturação da dívida, que tem sido defendida pela esquerda, é um cenário que, na opinião do ex-ministro das Finanças, “não deve ser ponderado nesta altura (…) porque ia fazer com que a nossa situação nos mercados internacionais fosse pior do que já é”.
Sobre as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas na passada semana, Silva Lopes alertou que não parecem ser “totalmente rigorosas” mas, explicou, “são feitas dessa forma para não piorar a situação junto dos mercados”.
Pessimista também quanto ao futuro, Silva Lopes referiu que "fala-se muito na saída limpa - e vamos ter uma saída limpa porque não temos outro remédio. Vamos continuar a pagar taxas dois pontos percentuais acima da Irlanda, na ordem dos cinco por cento a dez anos. Portanto, isto vai ser um desastre", alertou.