Portugal quer saída limpa do resgate por "orgulho nacional"

O economista Jens Nordvig afirmou hoje que Portugal está muito focado na ideia de uma 'saída limpa' do programa de resgate por "orgulho nacional" e considerou que não é importante seguir o exemplo da Irlanda.

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Lusa
26/02/2014 19:22 ‧ 26/02/2014 por Lusa

Economia

Jens Nordvig

Neste momento, "há um grande foco na ideia de uma saída limpa (do programa de resgate) e isso tem muito a ver com o orgulho nacional, querer fugir a este este tipo de supervisão. Creio que não interessa muito se há uma saída igual à da Irlanda ou se há um programa cautelar", disse Nordvig em declarações à Lusa em Lisboa, onde está para lançar o seu livro "A queda do euro".

"A minha recomendação seria, saiam do programa, mas optem por uma garantia, porque a nível global pode surgir algo que não possa ser controlado e traga de novo a instabilidade aos mercados", referiu.

O economista, que é atualmente chefe de investigação de estratégia monetária na Nomura Securities, disse, no entanto, perceber que politicamente se prefira uma saída do programa de assistência internacional sem qualquer tipo de ajuda, por "uma questão de aparência".

Nordvig considerou que a situação de Portugal é diferente da que se vive na Grécia, afirmando que esta continua a ser "sombria". Há maior vulnerabilidade política e um setor de exportações mais frágil na Grécia, exemplificou.

No livro que agora é lançado em Portugal, Jens Nordvig, que começou a sua carreira financeira em 2001 na Goldman Sachs de Londres, considera que o euro é uma moeda de promessas falhadas e que os problemas no euro se devem sobretudo a razões políticas.

Em declarações à Lusa, Nordvig lembrou o referendo realizado em 1992 no país onde nasceu, a Dinamarca, sobre o tratado de Maastricht e de como este foi rejeitado apesar de tudo o que se disse na campanha ter sido sempre favorável ao euro.

"E as coisas negativas? Nunca foram mencionadas", notou, sublinhando que o único país onde houve um debate aprofundado sobre a moeda única europeia foi o Reino Unido.

Para o analista financeiro, neste momento há maior indignação em relação ao euro "porque as pessoas acreditam que foram enganadas".

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