O dirigente do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI), Hugo Fernandes, disse à agência Lusa que a investigação foi pedida à PGR como forma de ser esclarecido "como foram gastos os dinheiros públicos que foram investidos" na fábrica da Kemet Electronics.
A multinacional norte-americana pretende, segundo o dirigente do SIESI e delegado sindical, avançar com o despedimento coletivo de 127 dos cerca de 310 trabalhadores da unidade fabril alentejana e encerrar uma das linhas de produção a 30 de junho para a deslocalizar para o México.
"Os apoios são públicos e foram muitos milhões que a fábrica recebeu. O último apanhado que temos é de cerca de 115 milhões de euros desde 1998", ano em que foi inaugurada pela "mão" de outra multinacional, disse.
De acordo com o sindicalista, os apoios concedidos à fábrica, durante a atual e a anterior gestão, foram concedidos pelo Estado português e pela União Europeia, mas também pela Câmara de Évora.
"Não conhecemos investimentos na fábrica, nem criação de postos de trabalho e o quadro de pessoal tem vindo sempre a diminuir, passando de 664 trabalhadores para os atuais 312, e vai reduzir ainda mais 127, através deste despedimento coletivo", realçou.
Com base nestes argumentos, Hugo Fernandes referiu que "tudo aponta para que os apoios não tenham sido bem aplicados".
Após a entrega do pedido de investigação na PGR, o grupo de trabalhadores e sindicalistas deixou hoje cópias da documentação na Assembleia da República e na residência oficial do primeiro-ministro.
O delegado sindical adiantou ainda que "já terminaram" as reuniões de informação e consulta, no âmbito do processo de despedimento coletivo, tendo a empresa mantido a decisão de "avançar à mesma com o despedimento coletivo" na fábrica de Évora.