“Apoiamos os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida, no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos”.
Assim pode ler-se num manifesto assinado por 74 notáveis. E não, não se trata do já famoso manifesto dos 70, subscrito por 74 figuras de vulto do país. Antes, de um documento que, além de ter como denominador comum o número de signatários, partilha uma mesma causa: a reestruturação da dívida pública portuguesa. Mas este segundo manifesto reveste-se ainda de uma outra particularidade, a de os seus subscritores serem economistas internacionais de proa.
E é desta forma que o documento que fez estalar o verniz tanto do primeiro-ministro Passos Coelho, que se referiu ao grupo como “essa gente”, acusando-o de “irrealismo”, como do Presidente da República, Cavaco Silva, que chegou a exonerar dois conselheiros seus que apoiaram a causa, transpõe a fronteira portuguesa e recebe apoio por parte de figuras de 20 nacionalidades distintas, realça a edição de hoje do jornal Público.
Ora, o novo manifesto recomenda, na senda do seu antecessor, “a rejeição das ideias da ‘recessão curativa’ e da ‘austeridade expansionista’ e os programas impostos a vários países”, reportando-se ao caso de Portugal, onde salientam o facto de que “a austeridade agravou a dívida pública e impôs sofrimento social à medida que as pensões e salários foram sendo reduzidos”, cita o Público, que teve acesso ao documento.
Marc Blyth, da Universidade de Brown, EUA, e autor do “melhor livro de 2013 pelo Financial Times, José António Ocampo, ex-ministro das Finanças colombiano e secretário-geral adjunto das Nações Unidas, e hoje consultor da ONU e do Independent Evaluation Office do FMI, além de vários editores de revistas científicas de economia, constituem apenas alguns dos signatários deste manifesto.