No seu comentário semanal na ‘Edição da Noite’ da SIC Notícias, Bagão Félix frisou que os números da pobreza provam que Portugal se está a tornar num país mais “difícil, desigual, com precaridade e com pobreza persistente e geracional”.
“Os dados eram ainda mais gravosos se analisássemos realmente a mediana toda e importa ter em conta quem sofre mais, que são as famílias com mais filhos, os desempregados e os jovens”, frisou.
O ex-ministro afirmou ainda que “os dados evidenciam a taxa da pobreza de 18%, mas, se excluíssemos os abonos e os subsídios da Segurança Social, a taxa seria de 46%, ou seja, quase metade da população portuguesa”.
Com a análise destes dados, Bagão realçou “o papel desempenhado pelo sistema social, que é absolutamente fundamental para combater a pobreza”.
“A austeridade precisa de ser justa e exemplar e o pior acontece quando as pessoas sentirem que há exceções nas remunerações, como aconteceu no caso do banco de fomento. Fez as pessoas questionarem”, referiu.
Por fim, o economista considerou que “a altura para a criação do banco foi mal escolhida e exceções destas deviam evitar-se, em torno da justiça necessária. O país devia olhar com mais atenção para as questões sociais”.
Dentro desta linha, Bagão Félix salientou o “aumento crescente” das exportações desde 2008, afirmando que “a alteração profunda” se deve “ao papel das empresas portuguesas, que começaram, de uma maneira ágil, a dirigir-se para os mercados externos, mesmo fora da Europa”.
O economista ressaltou também as previsões do banco de Espanha, “semelhantes às portuguesas, apesar do crescimento não ser muito forte”. Para o comentador, “esta evolução é excelente para o mercado português e para as exportações”.
Negativamente, Bagão Félix apontou a subida dos impostos petrolíferos, do imposto de selo, do IRC e, sobretudo, do IRS, “que registou, desde fevereiro de 2011, antes do programa de ajustamento, um crescimento de 38%, em conjunto com o desemprego a aumentar, ou seja, concentrado em menos pessoas”.
O ex-ministro, no entanto, concluiu que acha possível “atingir o valor esperado para o défice”.