Merkel afasta renegociação e pede paciência aos portugueses

A chanceler Angela Merkel afirmou não haver motivos para Portugal renegociar com a troika ou pedir novo resgate, elogiando a coragem com que o Governo faz o ajustamento financeiro e com que o País cumpre o acordado.

Notícia

© Lusa

Lusa
12/11/2012 06:10 ‧ 12/11/2012 por Lusa

Economia

Alemanha

"Neste momento, não há motivos para uma renegociação. Portugal cumpre  os compromissos assumidos corajosamente", afirmou a chefe do Governo alemão,  numa entrevista à RTP, transmitida no domingo, véspera da visita que fará a Portugal  na segunda-feira.

"Portugal cumpriu muito bem os compromissos assumidos. Por isso, estou  convencida de que o resultado será bom, mas a dificuldade está nas reformas,  que precisam de tempo para ter efeito", sublinhou. Isto não significa, ressalvou, que seja preciso mais tempo: "Quero dizer  que, de uma forma geral, é preciso fazer mudanças dolorosas e não será no dia seguinte que haverá mais empregos e mais investimento. É preciso aguardar mais tempo, as pessoas ainda não vêem o resultado, mas esse resultado virá".

Por outro lado, disse não partir do princípio de que Portugal precisará  de outro resgate: "Agora as medidas estão a ser muito bem implantadas e  esperamos que o programa tenha sucesso."

Merkel disse saber que enquanto estiver em Lisboa haverá "muitas pessoas  que vão mostrar as dificuldades que têm", acrescentando que o direito à  manifestação, sem violência, é um "progresso" das sociedades democráticas  que não existia na antiga RDA, onde viveu. "Claro que um programa desta ordem gera grande debate. Mas a minha convicção  é de que o Governo português está a ser muito corajoso ao tomar as medidas  e tenho o maior respeito por aquilo que está a ser realizado no país", afirmou.

Sobre as vozes que a culpam pela austeridade, respondeu que "naturalmente"  as ouve, mas as estranha, lembrando que a troika negoceia com os países. "Não são ideias minhas. São o resultado da convicção de que Portugal  tem de fazer reformas, há que combater o défice e reforçar a base económica",  afirmou. Apesar disso, e de reconhecer que "é um processo duro", que "exige muitos  sacríficos", disse continuar "fiel a esses programas" que, no português,  "como um todo, está bem estruturado e terá sucesso", negando tratar-se de  "mera austeridade". "Não nos limitamos aos cortes, são importantes as reformas estruturais  no direito laboral e outras áreas. As privatizações têm de ser feitas por  ainda haver excesso de empresas públicas", afirmou.

Confrontada com as posições do FMI sobre a rigidez da austeridade, respondeu  que a directora do Fundo Monetário Internacional "negociou o programa com  Portugal e ela também continuará a assumir esse compromisso".

Sobre a visita a Portugal, disse ser "uma contribuição" para mostrar  que a Alemanha "quer ajudar" e "para ver o que se pode melhorar na cooperação  entre empresas para gerar mais empregos, para que baixe o desemprego juvenil  e haja força económica em Portugal".

Merkel rejeitou ainda a saída do euro de alguns países: "De forma alguma.  Devemos fazer tudo para que os investidores de fora da Europa não fiquem  assustados. Precisamos de uma zona euro estável", sublinhou, afirmando que  a Europa tem de produzir "de forma competitiva, a nível internacional" para  criar emprego. "Formamos um forte mercado interno europeu do qual todos beneficiamos.  A Alemanha também. Penso que podemos fortalecer a zona euro e é precisamente isso que estamos a fazer", afirmou, descartando um plano de ajuda para os países do Sul. "Com as medidas que disponibilizamos em termos de fundos estruturais e com os apoios dos programas europeus existem excelentes oportunidades  para lançar o crescimento", afirmou. "Houve erros que cometemos no passado, todos juntos, como o investimento dos recursos em estradas, em infra-estruturas de um modo geral, não tendo  apoiado as pequenas empresas, para as tornar mais competitivas. Devemos  aprender com o passado. Pela nossa parte, nós, alemães, vamos continuar  a apoiar Portugal, Espanha e outros países. Fazemos isso porque também é bom para nós termos uma Europa comum", reforçou, dizendo não haver motivos para preocupação "com o domínio alemão".

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas