A expressão ‘mais troikista do que a troika’ vem sendo associada a este Executivo desde que colocou o memorando de entendimento em curso. O ‘enorme aumento de impostos’, à data ainda anunciado pelo então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, associado a uma rígida disciplina orçamental, com todos os cortes que se fizeram sentir nas carteiras dos portugueses, permitiu que o défice de 2013 ficasse abaixo do previsto.
E, apesar da retoma da economia, o caminho da austeridade ainda não se esgotou. Pelo contrário. Até porque, avança a edição de hoje do Diário de Notícias, o objetivo do Governo de Pedro Passos Coelho é repetir o feito do ano passado, ou seja, conseguir um défice inferior àquele a que está obrigado pelos credores internacionais.
Aliás, não só inferior, como duas vezes inferior, que é como quem diz um défice público de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), quando a meta exigida é de 4%. Tal só será exequível também graças à folga herdada em 2013.
A intenção é revelada num documento enviado pela Comissão Europeia à Assembleia da República, e ao qual o Diário de Notícias teve acesso, justamente no dia em que terá lugar o Conselho de Ministros extraordinário, com vista a fechar os cortes para 2015, que, por sua vez, permitirão encerrar a 11.ª avaliação da troika ao programa de ajustamento português.
Saliente-se que as medidas a implementar em 2015 estarão dependentes do que for conquistado em 2014, sendo que o Orçamento de Estado para o próximo ano coser-se-á pelas linhas que este ano permitir. Isto sem esquecer que em 2015 realizar-se-ão as eleições legislativas.