“Desconheço esse relatório [anunciado na passada terça-feira pelo primeiro-ministro] e por isso mesmo não me sinto vinculada a ele”. A afirmação pertence à ex-secretária de Estado Margarida Correa, uma dos três especialistas em Segurança Social convidados pelo Governo, no início do ano, para encontrarem uma alternativa aos cortes da atual CES.
No mesmo sentido vão as palavras de Jorge Bravo, professor da Universidade de Évora, que, também em declarações ao semanário Expresso, diz não “ter conhecimento do relatório”, admitindo que “os membros externos do grupo de trabalho têm tido um papel muito pouco ativo no processo”.
O outro especialista convidado pelo Governo foi Fernando Ribeiro Mendes, que apesar de não pretender prestar declarações, o semanário Expresso diz saber que também o professor universitário e ex-secretário de Estado de Guterres não recebeu qualquer documento.
Estes três especialistas em Segurança Social consideram-se, por isso, “meros figurantes” num processo que classificam de “grande ficção”, dado que as grandes decisões parecem ter sido tomadas apenas pelo grupo de técnicos da Segurança Social e das Finanças, em conjunto com os ministros das respetivas tutelas, Pedro Mota Soares e Maria Luís Albuquerque, respetivamente.
Recorde-se que, esta semana, em entrevista à SIC, o primeiro-ministro Passos Coelho afirmou que tinha recebido na véspera o relatório preliminar deste grupo de trabalho, que visava encontrar um mecanismo duradouro para substituir os atuais cortes nas pensões impostos pela CES.