Desemprego, dívida e défice aumentaram nos últimos três anos

Portugal pediu o resgate financeiro em março de 2011 e, três anos depois, prepara-se para concluir o período da assistência financeira e entrar na chamada "fase do crescimento".

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Lusa
27/04/2014 11:03 ‧ 27/04/2014 por Lusa

Economia

Ajuda externa

Mas o que mudou entre 2011 e 2013. O desemprego e a dívida pública aumentaram, o défice está a cair e a economia somou três anos consecutivos de recessão.

Eis a evolução dos principais indicadores macroeconómicos e de finanças públicas do país:

+++ Produto Interno Bruto (PIB) +++

Em 2011, a economia portuguesa contraiu 1,6%, uma recessão que se agravou no ano seguinte, para os -3,2%. Em 2013, o terceiro ano consecutivo de contração do PIB, a economia caiu 1,4%.

Para 2014, espera-se um regresso ao crescimento económico, apontando o Governo e os credores internacionais para uma variação positiva do PIB de 1,2%, previsão que foi revista em alta na 11.ª avaliação regular ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), que decorreu em Lisboa em fevereiro.

+++ Desemprego +++

No ano em que Portugal pediu o resgate financeiro à 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), 2011, o desemprego atingia 706,1 mil pessoas, o equivalente a 12,7% da população ativa. Dois anos depois, havia em Portugal quase mais 170 mil pessoas desempregadas, traduzindo-se numa taxa de desemprego de 16,3%.

Estas taxas foram ainda mais elevadas entre os jovens dos 15 aos 24 anos, atingindo os 30% em 2011 e os 37,7% em 2013. Ou seja, em 2013, havia 147,6 mil desempregados nesta faixa etária, mais 14,1 mil do que em 2011.

Também o desemprego de longa duração (mais de 12 meses) aumentou neste período, atingindo 374,9 mil pessoas em 2011 e 543,5 mil pessoas em 2013, o que se traduziu em taxas de 6,8% e 10,1%, respetivamente.

As previsões mais recentes, revistas na 11.ª avaliação da 'troika' ao Plano de Assistência Económica e Financeira indicam que, em 2014, a taxa de desemprego deverá cair para os 15,7%.

+++ Dívida pública +++

O rácio da dívida pública sobre o PIB ainda não inverteu a trajetória e continuou a subir nos últimos três anos, tendo passado dos 108,2% em 2011 para os 129% em 2013, de acordo com números do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A dívida pública ascendeu aos 213.630,7 milhões de euros em 2013, mais 8.771 milhões de euros do que em 2012, o primeiro ano em que o valor da dívida pública portuguesa ultrapassou os 200 milhões de euros.

As previsões para este ano apontam para o início da inversão desta tendência, antecipando-se que a dívida pública termine o ano nos 126,6% do PIB, o que ainda é mais do dobro permitido no Tratado Orçamental (60% do PIB).

+++ Défice orçamental +++

Em 2011, o défice orçamental atingiu os 4,3% do PIB (valor que seria superior a 7,5% sem receitas extraordinárias), tendo passado para os 6,4% no ano seguinte. Em 2013, o défice orçamental fixou-se nos 4,9%, segundo a primeira notificação do ano enviada pelo INE a Bruxelas ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos.

O Governo e a 'troika' acordaram que, este ano, o défice deverá recuar para os 4% do PIB, ainda acima dos 3% de referência no Tratado Orçamental.

De acordo com as previsões mais recentes, só em 2015 é que Portugal deverá conseguir levar o défice para um valor inferior, para os 2,5%.

+++ Receitas e despesas +++

Durante o período de consolidação orçamental, o peso das receitas totais sobre o PIB aumentou mais do que o peso das despesas, que também subiram entre 2011 e 2013.

As receitas totais passaram dos 40,5% em 2011 para os 42% em 2013, um aumento de 2,5 pontos percentuais, e as despesas totais passaram dos 45,4% em 2011 para os 46,4% em 2013, mais um ponto percentual.

Para este ano, espera-se que as receitas totais caiam ligeiramente para os 41,7% do produto e que as despesas totais atinjam os 44,7% do PIB.

+++ Contas externas +++

Em 2011, o défice externo de Portugal era de 6,6% do PIB, segundo dados da 'troika', mas foi progressivamente melhorando ao longo do período do programa, tendo registado em 2013 um excedente, de 0,3%, o que já não se verificava há várias décadas.

Para 2014, espera-se que o saldo da balança externa continue a melhorar, atingindo os 0,6%.

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