Tudo começou quando “surgiram os problemas da dívida pública na Grécia”. A violação da regra do ‘no bailout’ (que proíbe a assunção da dívida dos países do euro pelos parceiros) terá estado na génese da crise que a Europa vive, de acordo com Philippe Legrain.
O ex-conselheiro de Durão Barroso, que acompanhou por dentro a gestão da crise, sugere que deveria ter sido o FMI a intervir imediatamente na reestruturação da dívida grega, algo que não aconteceu por “orgulho” dos países da zona euro, “sobretudo por causa do poder político dos bancos franceses e alemães”.
A este, garante o economista, junta-se um outro problema: “o setor bancário dominou os Governos dos países e as instituições da zona euro. Por isso, quando a crise financeira rebentou, foram todos correr salvar os bancos, com consequências muito severas para as finanças públicas, e sem resolver os problemas do setor bancário”.
Além disso, Philippe Legrain entende que “não havia mecanismos para lidar com a crise e, por isso, a gestão processou-se necessariamente através dos Governos. E o maior credor, a Alemanha, assumiu um ponto de vista particular” e passou a dar a orientação política, afirmou o economista.
Questionado pelo Público sobre se os resgates a Portugal e à Grécia foram disfarçados para salvar os bancos alemães e franceses dos empréstimos irresponsáveis, o economista é perentório: “claro que foram. (….) A Alemanha aconselhou mal, porque agiu no seu próprio interesse egoísta de credor”.