Quem ganhou com as reduções salariais? "A economia toda"

José Gomes Ferreira, subdiretor de Informação da SIC, jornalista e comentador político, não vê os cortes salariais como uma situação em que uns ganham e outros perdem mas, em declarações ao Notícias ao Minuto, sublinha o grave problema macroeconómico que caracterizava a economia portuguesa e a necessidade urgente de um reajustamento.

Notícia

© GlobalImagens

Anabela de Sousa Dantas e Goreti Pera
15/05/2014 08:30 ‧ 15/05/2014 por Anabela de Sousa Dantas e Goreti Pera

Economia

José Gomes Ferreira

No seio das alterações impostas com a chegada do programa de assistência económica e financeira, a dos cortes salariais na Função Pública e no setor privado foi das que mais celeuma causou.

O jornalista e subdiretor de Informação da SIC, José Gomes Ferreira, sublinha que “seja do público, seja do privado” a alteração “é uma injustiça para cada um individualmente”, mas acrescenta, sem hesitação, que “o tipo de economia que tínhamos não sustentava o que lhes era pago”.

“O Estado pagava acima do que podia”, assinala o comentador ao Notícias ao Minuto, explicando que este é o grande regulador dos pagamentos numa economia e, quando paga mais do que gera em receita, “todos os outros agentes económicos empregadores também acabavam por ter um nível salarial acima do que toda a economia poderia pagar”.

"Era preciso reduzir a parte da economia que era mantida a crédito"

Para o jornalista, a questão ultrapassava a microeconomia e resultava num grave problema macroeconómico.

“Visto de um ponto de vista micro, do ponto de vista individual de cada um, foi injusto o que lhes aconteceu a todos e a cada um deles. A eles e a nós. Aconteceu-me também. Visto de um ponto de vista macroeconómico o país não tinha uma economia sustentável” e portanto “tinha que se reduzir a parte da economia que era mantida a crédito”, sustenta.

Essa parte da economia foi reduzida recorrendo à chamada desvalorização indireta, ou seja, uma diminuição “do nível de rendimentos e do próprio nível de preços”, significando isto “a redução do nível de remunerações no Estado”.

“Tudo isso significou uma alteração das condições de recrutamento e de pagamento do trabalho prestado”, conclui Gomes Ferreira.

Quem é que ganhou e quem é que perdeu?

“Ganhou a economia toda seguramente”, garante. E questiona: “Quantos restaurantes em Portugal não tinham viabilidade (ainda hoje há muitos que não têm) ”, que se mantinham abertos devido a “um tipo de clientela que era mantida com um nível de pagamento através do grande regulador salarial, que é o Estado, e que não tinha dinheiro para pagar aquele nível de salários?”.

A consequência foi o reajuste de “grande parte da economia” e, no caso do nível de salários da Função Pública, “nós todos somos patrões, somos patrões das pessoas que lá trabalham, todos nós contribuintes somos patrões dos funcionários públicos”.

Se, individualmente, os trabalhadores perderam e os empregadores, que pagaram menos, pouparam, “visto pelo lado macroeconómico acho que ganhamos todos com esta correção”, afirma José Gomes Ferreira, mas não sem salientar que não se pretende um país com salários baixos, mas sim “um país que seja realista no sentido de pagar aquilo que a economia gera de recursos”, sendo que “foi esse ajustamento que se fez”.

[Nota de correção: o 5º parágrafo do texto foi corrigido porque, por lapso do Notícias ao Minuto, onde se lia " foi justo" devia estar "foi injusto". Por este motivo pedidos as nossas desculpas ao subdiretor de Informação da SIC, José Gomes Ferreira, e aos leitores]

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas