A Ferrostaal, que vendeu dois submarinos a Portugal em 2004, “é uma das duas empresas de armamento mais corruptas do mundo”, a par da BAE Systems, no Reino Unido. É este o entender de Andrew Feinstein, que escreveu um livro sobre como funciona a corrupção na indústria de armamento e investigou o tema em vários países.
Em entrevista ao Expresso, o investigador contou que a empresa alemã chegou a criar uma empresa em Londres, cuja “função principal era pagar subornos em vendas de armamento em que a Ferrostaal e outros fabricantes estavam envolvidos”.
“Um relatório feito por um grupo de advogados americanos para os gestores da Ferrostaal mostra que a empresa pagou 1,16 milhões de euros em subornos em 16 países, incluindo Portugal e a Grécia. Não se tratou de um comportamento excecional, mas aconteceu de forma sistemática, pelo que fazia parte da forma de atuação da empresa”, explicou.
Como forma de explicar que “o esquema de contrapartidas é muitas vezes usado como um meio de corrupção eficiente”, Andrew Feinstein contou que “se existem grandes obrigações com contrapartidas estabelecidas num contrato, os fabricantes refletem o custo dessas obrigações no custo do armamento”, pelo que “o país comprador acaba por pagar mais”.
A solução passa, na sua opinião, pela abolição dos contratos de contrapartidas.