O economista, que falava na apresentação dos resultados do 'Budget Watch', um relatório elaborado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e a consultora Deloitte, disse ser "inevitável" a necessidade de um segundo financiamento.
No entanto, Ferreira do Amaral acrescentou que este financiamento deveria ser “dirigido de outra forma, juntamente com os fundos estruturais, para a vertente que foi esquecida", ou seja, "a formação da estrutura produtiva", acrescentou, citado pela Lusa.
Para o economista, o programa actual "falha naquilo que é essencial", e "está mal concebido", acrescentando que o plano "tem dois objectivos que são inconsistentes": a redução do défice externo, "na tradição do que o FMI costuma fazer", e a redução do défice orçamental, "um objectivo da União Europeia que faz parte dos Tratados". Ferreira do Amaral sublinhou ainda que "na ausência de desvalorização da moeda estes dois objectivos são conflituantes".
Nas palavras de Ferreira do Amaral, a consolidação orçamental, conseguida este ano, "foi um flop", a redução do défice orçamental "podia ter sido atingida com medidas sem nenhuma dor", justificou, acrescentando que “retiraram-se os subsídios aos funcionários públicos e aos reformados, aumentou-se a carga fiscal e o resultado do ponto de vista orçamental é quase ridículo".
Ferreira do Amaral considerou também que existe por parte da troika e do Governo um "falhanço inadmissível na compreensão da estrutura da economia portuguesa", sublinhando não ser "aceitável" que "tenham ficado surpreendidos com o aumento do desemprego".