“Se não fosse a Espanha a oferecer trabalho, morria tudo de fome”. É esta a reação de uma operária da indústria conserveira quando confrontada com a necessidade de deitar mãos ao trabalho no país vizinho, no seguimento do fecho das fábricas existentes deste lado da fronteira.
Manuela Viegas, ouvida pelo Público, vive em Monte Gordo e desloca-se todos os dias a Isla Cristina, em Andaluzia (Espanha), onde trabalha numa fábrica de conservas de peixe.
Em tempos, também Vila Real de Santo António tinha sediadas várias empresas com a mesma atividade, que dinamizavam a região. “Agora, restam duas fábricas em Olhão. Uma miséria”, lamenta.
“A Espanha cobra uma taxa única de 8% do IVA no turismo. Em Portugal, paga-se 6% no alojamento, mas no setor da alimentação e bebidas paga-se 23%. Estamos a competir em condições de desigualdade”, disse ao Público o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, explicando a fuga de vários empresários para Espanha.