“Correu tudo mal. A contaminação é a mais grave, a da nossa bolsa, a de várias bolsas europeias além de que os juros da dívida também contaminados subiram. Considerando ainda que a imagem de Portugal voltou a estar na capa dos jornais internacionais, pelas piores razões”, disse Marques Mendes sobre a situação do BES, no seu espaço de comentário semanal na SIC.
O antigo líder do PS diz que é altura de explicar aos portugueses o que se passa pois, “as pessoas estão assustadas, preocupadas, revoltadas e não sabem o que pensar. Temos que dar explicações sérias e úteis. É um assunto público, apesar de ser uma empresa privada”.
Em três momentos, o antigo líder dos sociais-democratas explicou o que o que realmente se passou com o BES. “Sabemos que em negócios ganha-se e perde-se dinheiro. Mas a dívida chega a aos cinco ou seis milhões de euros. Quem vai perder são os portugueses e a economia. Mas quem é o culpado?", questiona-se.
Num segundo momento, faz referência ao empréstimo de 900 milhões de euros da Portugal Telecom ao Grupo Espírito Santo, a holding que ultrapassa grandes dificuldades. “Temos que pensar nas famílias que meteram lá dinheiro, as poupanças de muitos anos. Eles acreditaram, investiram e perderam. Porque a PT resolveu emprestar 900 milhões de euros ao GES. Correndo o risco de não ver mais esse dinheiro ou pelo menos não o ver na totalidade. Quem perde são as pessoas. A culpa morre solteira?”, pergunta.
Num último momento, Marques Mendes garante que o problema passa também pela falta de administração no BES. Isto porque “há três semanas que na prática, o BES não tem administração. Deixemo-nos de formalidades. Tem que haver normalidade para que acabe a incerteza. O banco é sólido, não há perigo nenhum para as pessoas”.
Relativamente à renegociação da dívida portuguesa, proposta por Francisco Louça juntamente com mais três economistas, Marques Mendes explica que este “veio propor uma alteração de prazos e juros unilateralmente e as consequências são: os bancos perdem a pique, entram em falência e teriam que ser nacionalizados, como BPN. Depois os depositantes levavam um corte e eram-lhes atribuídas ações, tiravam dinheiro e davam ações, ou seja, as pessoas queriam ir ao talho e pagavam com ações. Isto representa um desastre! A renegociação da dívida com esta proposta é um desastre. Não me surpreende”.
Ainda sobre a fiscalidade verde, o antigo líder do PS garante que as medidas apresentadas são corretas, sensatas e modernas, mas este não é o momento certo. “Propuseram um aumento de impostos, mas onde está a redução? Portugal ainda está a recuperar economicamente. Este é um caminho virtuoso, mas tem que se escolher a oportunidade. É um bom contributo”.