O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, interrompeu por minutos as suas férias para assegurar aos portugueses que a solução encontrada para o BES não irá prejudicar os contribuintes. A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, afinaram pelo mesmo diapasão, à semelhança, aliás, do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que certificou que a medida de resolução não terá qualquer “custo para o erário público nem para os contribuintes”.
Ora, o professor de Economia e ex-conselheiro da Comissão Europeia Paul De Grauwe adverte que não será bem assim. Em declarações ao Dinheiro Vivo afirma mesmo que “o Governo está a enganar os portugueses”.
“Sei que o Governo está a recapitalizar a parte boa do BES num montante de 4,9 mil milhões de euros. Isto significa que o Governo está a contrair uma dívida”, sendo que, “ao fazer isto, o Governo põe os contribuintes em risco, como acontece sempre que emite mais dívida”, realça o especialista em economia monetária.
De Grauwe faz notar ainda que, perante este cenário, uma eventual compensação futura dos fundos agora injetados com vista a resgatar o BES através de “um empréstimo do FMI ou da União Europeia é indiferente” no sentido dos custos que a dívida contraída acarretará para os contribuintes.