Xavier Musca foi um dos representantes do banco francês Crédit Agricole no BES, porém destaca-se sobretudo por ter sido chefe de gabinete do antigo presidente francês Nicolas Sarkosy. Porém, à margem desse facto, segundo escreve hoje o jornal i, o administrador do banco de origem francesa conseguiu arrecadar 35,8 milhões de euros com a venda de ações do BES, dois meses antes de ter sido anunciada a sua desagregação.
Segundo explica a mesma publicação, as alienações destes títulos foram realizadas entre 21 e 26 de maio, antes do aumento de capital do banco português, a 16 de junho, mas só comunicadas como estando ligadas a Musca no dia 15 de julho. De salientar, neste âmbito, que o gestor estava 'vinculado' ao banco, que foi liderado por Ricardo Salgado, desde 2012, quando em novembro foi nomeado administrador não executivo.
Mas há mais. Até ao dia 15 do mês passado, esta figura ligada ao ex-presidente da república francesa nunca tinha declarado deter quaisquer ações do Banco Espírito Santo, razão pela qual não aparecia no relatório do governo da sociedade, de 2013, onde deveria constar entre os nomes da lista de administradores que detinham investimentos no banco.
A falta desta comunicação vai contra o dever de comunicação dos gestores e dirigentes das sociedades cotadas, que são obrigados a comunicar todas as transações, cujo valor exceda os cinco mil euros, no prazo legal de cinco dias úteis após a venda ou compra de títulos.
Nas operações realizadas foram vendidas elevadas quantidades de ações. Na primeira vez foram 13 milhões de ações a 0,993 euros cada. Mas outras três foram ainda realizadas, uma em que foram alienados 6,5 milhões de ações, outra em que foram vendidos 15 milhões de ações e, por fim, 1,28 milhões de ações. No total, Musca terá conseguido arrecadar 35,8 milhões de euros, antes do banco cair.
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