“Não podemos assegurar a ninguém que vamos conseguir recuperar tudo, mas entendemos que há condições para recuperar alguma parte”, disse Rafael Mora, um dos administradores não executivos da Portugal Telecom (PT), numa entrevista publicada no dia da assembleia geral da operadora, que decidirá sobre o negócio com a Oi.
Ao Dinheiro Vivo, Rafael Mora e Paulo Varela falaram pela primeira vez do investimento de 900 milhões de euros da operadora na holding do Grupo Espírito Santo (GES), revelando uma “surpresa enorme”. “Ficámos atónitos com todo este procedimento, com todos os atos que conduziram a esses investimentos absolutamente ruinosos e repudiamos e lamentamos profundamente”, afirmou Rafael Mora.
Para os dois acionistas de referência da operadora, existem “três vetores” através dos quais é possível recuperar o dinheiro investido. “O primeiro é, obviamente, a RioForte. Este é um vetor em que ninguém acredita e toda a gente pensa que o dinheiro está perdido mas não está, temos que manter a esperança de que alguém vai querer comprar o crédito e assim arrecadar alguma parte do dinheiro”, revelam.
“O segundo vetor é o contrato de opção que vai ser submetido na AG, através do qual vão ser criados instrumentos financeiros associados à ação da Oi. (…) Por fim, a terceira via está obviamente dependente da finalização da auditoria que vai apurar responsabilidades e que poderá resultar em algum processo judicial e indemnizatório”, indicam os dois administradores não executivos da Portugal Telecom (PT).
Paulo Varela vai mais longe e destaca que estão “sem dúvida” confiantes na recuperação do investimento. “É a nossa convicção de que esta é a melhor solução”. Quanto ao valor que esperam recuperar, os dois membros da PT destacaram que “até ao final do ano”, após uma decisão do Tribunal do Luxemburgo, “já poderá estimar-se, com alguma margem de erro, um valor”.
Quanto à insatisfação dos pequenos acionistas, ambos dizem partilhar “essas manifestações de repúdio, de desagrado” e confessam sentir-se “particularmente prejudicados e lesados”.