O ‘diz que disse’ no que à crise do BES diz respeito continua, pois, a fazer correr muita tinta.
A edição do Diário Económico desta terça-feira dá conta da reação da KPMG ao comunicado do vice-governador do Banco de Portugal (BdP), Pedro Duarte Neves, certificando: “Confirmamos a realização da reunião no passado dia 16 de julho. Nesta reunião, foi dada a indicação ao BdP de que a KPMG tinha identificado uma situação de recompra das obrigações detidas por clientes com perdas para o BES e que esta matéria estava ainda a ser investigada naquela data, pelo que logo que tivesse conclusões as mesmas iriam ser reportadas”.
O presidente da auditora, Sikander Sattar, assegura ainda ao Diário Económico que não só a KPMG avisou o BdP, como também o fez a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Duarte Neves, por seu turno, salientou que o problema foi apenas “brevemente mencionado pela KPMG”, fazendo sobressair que não foi fornecida “uma descrição completa” nem referida “qualquer ordem de grandeza para eventuais perdas nas contas semestrais”. Assim, concretiza só ter tomado conhecimento do calamitoso cenário oito dias antes de ter sido apresentada uma solução.
A auditora sinalizou o esquema que culminaria no colapso do banco presidido por Ricardo Salgado no primeiro semestre de 2014, sendo que a 30 de julho foram apresentados prejuízos históricos pela instituição bancária (3,57 mil milhões de euros), acelerando o resgate, anunciado pelo regulador a 3 de agosto.