“O BCE [Banco Central Europeu] disponibilizou à entidade supervisora [Banco de Portugal] melhores padrões, contribuiu para o esforço da troika para formular melhores critérios de análise e foi graças a esses melhores padrões que a autoridade supervisão portuguesa pode identificar os problemas no BES”. A afirmação foi proferida hoje pelo presidente do BCE, Mario Draghi, em resposta a uma questão da eurodeputada Elisa Ferreira, colocada na Comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Draghi esclareceu ainda que o BCE ainda não é entidade supervisora, o que só acontecerá em novembro, pelo que “não teve qualquer responsabilidade de supervisão sobre os bancos portugueses ou em outros bancos. Portanto, o envolvimento do BCE no Banco Espírito Santo foi enquanto parte da troika, não teve um envolvimento específico”.
Apesar disso, o presidente do BCE considerou em seguida que foi devido ao contributo do banco central que o Banco de Portugal melhorou a supervisão sobre os bancos portugueses, o que o levou a detetar os problemas no BES.
No âmbito da troika, o BCE “dotou a instituição supervisora em Portugal [o Banco de Portugal] com melhores padrões, contribuiu para o esforço da troika através do desenho e formulação de melhores padrões, melhor análise de crédito. Dizem-me que foi precisamente devido a estes padrões que a autoridade supervisora portuguesa foi capaz de descobrir sobre o BES”, rematou Draghi.
Recorde-se que, a 3 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.
O objetivo das autoridades portuguesas é vender logo que possível o Novo Banco, que é agora liderado por Eduardo Stock da Cunha após a renúncia de Vítor Bento.
O Novo Banco foi capitalizado com 4.900 milhões de euros do fundo de resolução bancário, sendo que 3.900 vieram de um empréstimo de dinheiro público e o restante dos bancos que participam no fundo.